Chamas destruíram a cidade de Lahaina | Vídeo

A resposta do governo Biden ao mais mortal incêndio florestal em um século nos EUA, que matou mais de 100 pessoas, está causando intensa indignação nos EUA, tanto pela omissão no socorro, quanto pela quantia irrisória anunciada como ‘ajuda federal’ aos que perderam tudo e ficaram só com a roupa do corpo na ilha de Maui, no Havaí, a segunda mais populosa do estado.

Analistas disseram que o desgaste é motivo de preocupação para os democratas, já que Biden é pré-candidato à reeleição nas eleições presidenciais de 2024. 1.300 pessoas continuam desaparecidas e a cidade de Lahaina, de 13 mil habitantes, antiga capital do Reino do Havaí, foi destruída. Entre os 2.000 prédios arderam, quase 90% deles eram residências.

Biden ainda não encontrou tempo para visitar o local da tragédia – possivelmente por estar muito ocupado com sua reunião de sexta-feira com líderes de Seul e Tóquio para instigar uma “mini-OTAN” no Pacífico ou com a guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, além da crise no Níger.

No domingo (13), enquanto Maui contava seus mortos, Biden chamou a atenção ao passear e andar de bicicleta na praia de Rehoboth, no estado de Delaware. “Estamos olhando para isso” foi a frase dita brevemente a repórteres que gritavam o nome dele e o questionavam sobre os incêndios. A tragédia aconteceu na terça-feira (8).

As equipes de emergência seguem trabalhando incansavelmente na busca de corpos das vítimas entre os escombros dos incêndios em Maui, que provocaram ao menos 106 mortes, de acordo com o último levantamento. O governador democrata do Havaí, Josh Green, alertou que o balanço final da catástrofe pode “dobrar” a quantidade de vítimas fatais. Até a manhã de quarta-feira (16), apenas 25% da área afetada em Lahaina havia sido rastreada por cães farejadores treinados para missões de busca de corpos. Segundo admitiu à CNN a deputada democrata Jill Tokuda, as sirenes de alarme de incêndio não foram ativadas, a ilha sofreu várias quedas de energia durante a crise e o número de emergência 911 parou de funcionar em partes da ilha. Os alertas, normalmente transmitidos por telefone, não puderam ser recebidos porque “não havia rede”. “Subestimamos a periculosidade e a velocidade do fogo”, acrescentou.

“INSULTO”

Biden recebeu críticas também pela ajuda financeira oferecida às vítimas dos incêndios, descrita como “insultuosa”. Ele anunciou no Twitter que vai oferecer um pagamento único de US$ 700 (R$ 3.480) por família. Lahaina não foi a única região de Maui a ser afetada pelas chamas, e não está claro quantas famílias serão elegíveis para o pagamento.

A quantia ofertada às famílias foi comparada com a bilionária ajuda que os Estados Unidos enviaram à Ucrânia para fortalecer a contraofensiva na guerra contra a Rússia, desde o início do conflito. Na segunda-feira, o governo Biden anunciou o envio de mais R$ 200 milhões (R$ 995,4 milhões) ao país.

“Alguém pode, por favor, explicar como nosso governo pode enviar centenas de bilhões para outros países, mas opta por economizar centavos quando nosso próprio povo precisa?”, perguntou o comentarista financeiro, Mark Wlosinki, que definiu o valor oferecido às famílias pelo governo Biden como um “insulto”.

Uma pré-candidata republicana ao governo do Arizona aproveitou para tirar uma casquinha, embora desde a tragédia do Katrina não estejam rigorosamente em condição de criticar ninguém. “Apenas US$ 700 por família para ajudar a reconstruir Lahaina, Joe Biden?”, questionou Kari Lake. “Estamos gastando US$ 900 por família para financiar sua guerra na Ucrânia”, acrescentou [segundo o Censo dos Estados Unidos, há cerca de 124 milhões de domicílios no país, o que significa que a ajuda total dada à Ucrânia seria equivalente a US$ 911 (R$ 4.480) por domicílio].

AJUDA, CADÊ?

Outro aspecto do problema foi destacado por um internauta, que sarcasticamente observou que “nossos navios de guerra podem provocar a China no Mar da China Meridional, podem seguir a China no Alasca, mas não podem vir ao Havaí para ajudar os americanos”.

E que o Havaí serve como sede do Comando Indo-Pacífico dos EUA, que costuma dizer “governar” mais de 50% da superfície do mundo, mas ironicamente “permanece indiferente aos desastres que ocorrem em seu próprio local”, registrou o jornal chinês Global Times, país onde tal indiferença diante de uma tragédia seria inconcebível.

Como denunciado, “o trabalho inicial de socorro foi em grande parte organizado pelos próprios moradores, com pouca presença da Guarda Nacional, Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA), governo estadual ou autoridades locais”.

Diante das críticas, Biden, na quinta-feira (17) – exatamente uma semana depois da tragédia – anunciou que irá afinal ao Havaí na próxima segunda-feira (21). Acompanhado pela sua mulher, Jill, Biden irá reunir-se “com socorristas, sobreviventes e autoridades federais, estaduais e locais”, disse à imprensa a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Numa entrevista dada na segunda-feira (14) à rede de televisão CBS, o governador Green avaliou que seriam encontradas “provavelmente entre 10 e 20 pessoas [mortas] por dia até terminarem” as operações de busca, que estimou em “provavelmente mais 10 dias”.

Fonte: Papiro