Sergey Lavrov, chanceler da Rússia, presente na Cúpula do BRICS em Joanesburgo | Foto: Sergey Bobylev/TASS

“Mudanças tectônicas estão ocorrendo no mundo hoje… Estamos testemunhando o surgimento de uma ordem mundial multipolar mais justa”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em artigo para a revista Ubuntu sul-africana antes da Cúpula do BRICS, que começa em Joanesburgo na terça-feira (22), em que ele estará presente. O presidente Vladimir Putin participará através de link de vídeo.

As tentativas do “Ocidente coletivo” de preservar sua hegemonia tiveram o efeito oposto, encorajando a verdadeira “maioria mundial” a descartar e rejeitar a exploração de seus recursos por estados estrangeiros, enfatizou o chefe da diplomacia russa.

Para Lavrov, o BRICS é “símbolo da verdadeira multipolaridade” para muitos países com ideias semelhantes e serve como uma “força positiva que pode fortalecer a solidariedade do Sul Global e do Leste Global e se tornar um dos pilares de uma nova ordem mundial policêntrica mais justa.”

“A comunidade internacional está cansada da chantagem e da pressão das elites ocidentais e de seus costumes coloniais e racistas”, ressaltou Lavrov. “É por isso que, por exemplo, não apenas a Rússia, mas também vários outros países estão reduzindo consistentemente sua dependência do dólar norte-americano, mudando para sistemas de pagamento alternativos e acordos em moeda nacional”.

A Rússia “consistentemente defendeu o fortalecimento da posição do continente africano em uma ordem mundial multipolar”, assinalou Lavrov, prometendo que Moscou “apoiará ainda mais nossos amigos africanos em suas aspirações de desempenhar um papel cada vez mais significativo na resolução dos principais problemas de nosso tempo.”

A cúpula de Joanesburgo se concentrará em “prioridades incondicionais” como fortalecer o banco do BRICS, melhorar os mecanismos de pagamento e aumentar o papel das moedas nacionais nos acordos mútuos, disse Lavrov.

Ele acrescentou que a parceria do BRICS está ganhando força, oferecendo muitas iniciativas criativas voltadas para garantir a segurança alimentar e energética, o crescimento saudável da economia global e a resolução de conflitos – embora o grupo não pretenda substituir os mecanismos internacionais existentes, muito menos se tornar um novo “hegemon coletivo”.

“Por isso iniciamos o processo de expansão”, observou Lavrov, como destacado pela RT. “É simbólico que tenha ganhado tanto impulso no ano da presidência da África do Sul, país que ingressou no BRICS por decisão política consensual.” Originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China, o BRICS expandiu-se apenas uma vez, ao agregar a África do Sul em 2010, sem nenhuma condição prévia.

Atualmente, os Estados-membros estão discutindo internamente quais critérios os candidatos devem atender e como funcionaria o processo de expansão, já que o BRICS toma decisões por consenso. Funcionários das cinco nações expressaram esperança de que o procedimento que regera a expansão esteja finalizado e pronto para aprovação em Joanesburgo.

Os membros do BRICS representam cerca de 40% da população mundial e, segundo previsões de especialistas citados por Lavorv, em 2023 representarão cerca de 31,5% do PIB global em paridade de poder de compra, enquanto a participação do G7 cairá para 30%.

Fonte: Papiro