Massa, Lula e Haddad. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na segunda-feira (28), o ministro da Economia e candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, esteve no Brasil, ocasião em que foi recebido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Após o encontro, Massa e Haddad anunciaram um acordo que pode chegar a US$ 600 milhões para que a Argentina tenha acesso a produtos brasileiros. Segundo o governo, o mecanismo financeiro envolve Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF). A palavra final ainda depende da aprovação do conselho gestor do CAF, que se reúne em 14 de setembro.

A ideia é formar um acordo bilateral que facilite a compra de alimentos e de peças automotivas brasileiras que são utilizadas na indústria de transformação argentina e que, posteriormente, retornam ao mercado brasileiro. O principal exemplo são os automóveis fabricados no país vizinho e que dependem de peças brasileiras, hoje escassas pela falta de dólares que acomete a economia comandada por Massa.

“Com o apoio e a garantia do Banco de Desenvolvimento latino-americano, que é a CAF, [garantimos] um instrumento de financiamento de exportações do Brasil a Argentina, por US$ 600 milhões, que também repercutem no financiamento das exportações de Argentina ao Brasil. A cada US$ 600 milhões que importa a Argentina do Brasil, são US$ 600 milhões que voltam da Argentina ao Brasil, em matéria automotiva, pela integração e sinergia que têm nossas indústrias de automóveis”, explicou o ministro argentino na coletiva.

Sergio Massa, ministro e candidato à presidência da Argentina, com Fernando Haddad. Foto: Diogo Zacarias

O ministro Haddad indicou que o acordo firmado supera a ideia inicial proposta que envolvia garantias na moeda chinesa, o yuan.

“A equipe da Fazenda tinha estruturado uma operação menor do que US$ 600 milhões, algo em torno de US$ 140 milhões, que tinha como fundamento a garantia em yuans de exportações brasileiras. Quando a Argentina dispõe de reserva em yuan para garantir exportação brasileira, oficialmente as reservas da Argentina diminuem. A Argentina, com apoio do CAF, não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações”, colocou o ministro brasileiro.

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A garantia da operação será feita pelo Banco do Brasil e o CAF será uma contragarantia.

“O BB vai garantir as exportações das empresas brasileiras e o CAF vai entrar com uma contragarantia para o Banco do Brasil. Existe a possibilidade de a gente nem precisar acionar o Fundo Garantidor de Exportação. Seria uma operação nova que viria ao encontro dos interesses de restabelecer o fluxo de comércio bilateral”, disse Haddad.

Transportes

Outro ponto anunciado foi a retomada do acordo interrompido em 2021, na gestão Bolsonaro, de transporte marítimo. Com o retorno do pacto os navios que levam mercadorias entre os portos dos países devem ter registro em uma das suas nações, o que assegura certa reserva de mercado para impulsionar o setor.

Por fim foi anunciada a renovação do acordo São Borja (Brasil)-Santo Tomé (Argentina) para a permanência da concessionária Mercovia S.A. como gestora da ponte internacional – importante entreposto comercial entre os países – por mais 12 meses.

Confira como foram os anúncios:

*Com informações Planalto e Agência Brasil