As Lojas Americanas cortaram mais de 20% de seus funcionários em 2023. Desde que admitiu, em janeiro, ter cometido a maior fraude corporativa na história do Brasil, a empresa fez 9.175 demissões. Em pouco menos de oito meses, seu efetivo passou de 43.123 trabalhadores para 33.948 – e a tendência é de mais cortes.

Segundo a Folha de S.Paulo, em uma única semana – a de 14 a 20 de agosto –, as Americanas fecharam três lojas e demitiram 1.450 funcionários celetistas (com carteira assinada). Em todo o ano, são 72 pontos de venda fechados. Uma das preocupações do movimento sindical é garantir que os demitidos recebam todas as verbas a que têm direito, incluindo indenizações e multas rescisórias.

À Folha, a empresa disse manter “a transparência na relação com os sindicatos e o cumprimento integral e tempestivo de suas obrigações trabalhistas, na forma da legislação vigente”. Nesta terça-feira (29), a empresa participou de reunião no Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ). A reunião foi acompanhada pelo Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro.

Ao entrar em recuperação judicial, em janeiro, as Americanas anunciaram uma dívida total de R$ 42,5 bilhões. Entre os credores financeiros estão o Bradesco (R$ 5,1 bilhões), o Santander (R$ 3,6 bilhões), o BTG (R$ 3,5 bilhões) e o Itaú (R$ 2,7 bilhões). Por anos, a rede varejista escondia sua verdadeira situação contábil para beneficiar a cúpula. Entre os suspeitos estão os três acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que detêm 30% da empresa,

Em 2021, quando as Americanas tiveram prejuízos estimados em R$ 700 milhões, o balanço “oficial” falava em lucro de R$ 2,8 bilhões. Com isso, seus 14 diretores receberam R$ 54 milhões entre salários e bônus.

A empresa está sob investigação do MPF (Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal), bem como de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados. A própria empresa abriu investigação interna e diz que vai refazer os últimos balanços. Foi apenas em junho, numa sessão da CPI, que o presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, reconheceu que a crise não deve ser como um problema de “inconsistências contábeis” – mas, com, como “fraude”.