Stella e Julian Assange | Foto: Andy Gotts/Camera Press

“Libertar Assange é lutar contra a impunidade daqueles que cometeram crimes de guerra”, afirmou a advogada e ativista de direitos humanos Stella Moris-Assange, casada com o jornalista australiano e coordenador do WiKiLeaks.

Os inúmeros vazamentos os quais estão sendo amplamente divulgados em vídeo, comprovaram o ataque aéreo de um helicóptero militar dos Estados Unidos em 2007, em Bagdá, que matou civis iraquianos e dois jornalistas da Reuters.

Além dos crimes de guerra cometidos no Iraque, também constam das denúncias de Assange as torturas em Guantánamo – parte ilegalmente ocupada de Cuba pelos norte-americanos. A maior parte dos documentos chegou ao WikiLeaks pela ex-analista de inteligência do exército Chelsea Manning.

Durante evento realizado nesta segunda-feira (10) em Genebra para sensibilizar a comunidade internacional em relação à gravidade das práticas jurídicas e prisionais cometidas contra o jornalista, Stella alertou que o padrão adotado pela Justiça britânica é o de classificar jornalistas como espiões e o público como inimigo. Agora, a Inglaterra está prestes a extraditar Assange para os Estados Unidos, onde já tem a pena de 175 anos de prisão decretada, assinalou.

“Minha maior preocupação é que o Reino Unido tenha se tornado extremamente hostil ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos”, disse Stella, sublinhando a necessidade deste atentado às liberdades ser barrado através de uma decisão do tribunal europeu a qual não sabemos se a Inglaterra acatará.

Caso a retaliação de Washington siga seu curso, Stella adverte que a liberdade de imprensa nos EUA será a mais prejudicada e apontou, “o jornalismo é uma profissão moribunda ou morta, a menos que essa tendência possa ser revertida”.

Diante da gravidade da situação, Stella solicitou o imediato indulto para o marido, e que o presidente dos EUA, Joe Biden, necessita fazer com que a liberdade seja respeitada.

GRATIDÃO PELA SOLIDARIEDADE DE LULA

A advogada elogiou a postura do presidente Lula de se posicionar firmemente em defesa da libertação de Assange, pois quando o líder brasileiro fala, “o mundo escuta”. Isso é ainda mais fundamental, ponderou, desde que os procedimentos jurídicos na Inglaterra praticamente se esgotaram. Agora, mais do que nunca, acredita, “é uma responsabilidade da comunidade internacional defender a democracia”.

Agradecendo o apoio “realmente muito importante do Brasil”.

Entre outras centenas de nomes no mundo todo, intelectuais e políticos como Jeremy Corbyn, ex-presidente do Partido Trabalhista inglês; o repórter do caso conhecido como Papeis do Pentágono, Daniel Ellsberg; testemunharam em apoio a Assange no evento denominado Tribunal Belmarsh (nome da cadeia onde se encontra Julian), realizado em Washington.

Os diretores e editores dos jornais El País, The New York Times, The Guardian, Le Monde, e Der Spiegel, também se manifestaram em carta aberta ao presidente Biden exigindo que acabe com a “perseguição contra Julian Assange”. “Obter e revelar informação sensível é parte fundamental do trabalho quotidiano dos jornalistas”, anotaram os responsáveis pelas publicações, enfatizando que “se este trabalho for criminalizado, o nosso discurso público e as nossas democracias ficam consideravelmente enfraquecidos”.

Fonte: Papiro