Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas no comércio varejista ficaram no vermelho em maio com quedas tanto na modalidade restrita (-1,0%) como na ampliada, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção (-1,1%), na comparação com o mês de abril, segundo dados do IBGE, divulgados na sexta-feira (14). Foi a segunda queda consecutiva. Em abril o setor caiu -0,1%.

Com mais esta queda no volume de vendas, o comércio varejista está 3,6% abaixo do patamar recorde registrado em outubro de 2021, de acordo com a série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), iniciada em 2000.

O comércio brasileiro segue em dificuldade neste ano por conta da insensata política de juros altos que está sendo imposta ao país pelo Banco Central (BC) “autônomo” de Campos Neto. Com a inflação recuando e a taxa de juros básica (Selic) sendo mantida em 13,75%, os juros reais no Brasil, que são os maiores do mundo, seguem evoluindo e inibindo o consumo de bens e serviços no país e endividando ainda mais as famílias.

“Algo que tem inibido bastante o consumo é o fato de o crédito para pessoa física continuar caindo. Esse é o principal componente que influencia esse resultado negativo”, disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, ao divulgar os números do varejo.

O setor só não está no campo negativo na análise do acumulado do ano (alta de 1,3%) por conta do resultado das vendas obtidas em janeiro (3,9%), um refluxo proporcionado pelos descontos criados após o período festivo de final de ano e Black Friday, cujas vendas naufragaram. Em dezembro de 2022, as vendas do setor tombaram -2,7%, após o recuo de -0,7 em outubro. Em fevereiro voltaram a cair -0,3% e em março tiveram uma variação de +0,6%.

No comércio varejista, dos 10 segmentos pesquisados pelo IBGE, cinco perderam venda na passagem de abril para maio. ”Um dos piores resultados foi o de supermercados, alimentos, bebidas e fumo (-3,2%, com ajuste), que devolveu praticamente todo avanço do mês anterior (+3,6%). Tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), bem como outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%), por sua vez, colecionam variações negativas há mais tempo”, destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O Iedi destacou que o varejo foi “o setor que pior se saiu neste mês em questão, já que os serviços (+0,9%) e a indústria (+0,3%) conseguiram ficar no azul, com a ajuda de uma base de comparação favorável, devido ao recuo registrado em abr/23”. O setor de serviços recuou -1,6% em abril e a produção industrial caiu -0,6% no mês.

O Iedi destacou que entre janeiro e maio deste ano “o desempenho do varejo foi restringido pelos ramos de bens de consumo duráveis e semiduráveis, cujas vendas, em maior ou menor grau, demandam crédito para ocorrerem”, ou seja, segmentos que estão mais sujeitos aos juros elevados.

“Nesta situação, os piores casos são outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as lojas de departamento, com recuo de -13,5% no acumulado destes primeiros cinco meses de 2023, e tecidos, vestuário e calçados, com queda de -9,7%. Para ambos, a segunda metade de 2022 já havia sido marcada por recuos de dois dígitos. Material de construção (-3,8%) também está na mesma situação”.

O Iedi assinala que para móveis e eletrodomésticos, apesar de não haver declínio (+0,7% em jan-mai/23), e material de escritório, informática e comunicação (+0,9%), “o desempenho em 2023, por ora, é baixo. No primeiro caso, agravado pelo fato de ter registrado queda tanto na primeira metade como na segunda metade do ano passado”.

No campo positivo, ficaram: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,7%), Combustíveis e lubrificantes (1,4%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%).

Na modalidade do comércio varejista ampliado a queda de -1,1% nas vendas foi puxada por Material de Construção, que recuou -0,9% na passagem de abril para maio. Só neste ano, as vendas de materiais de construção amargam quatro resultados negativos seguidos: fevereiro (-2,0), março (-0,4%), abril (-1,2), e maio (-0,9%).

Já as vendas de Veículos e motos, partes e peças cresceram 2,1% após o tombo em abril, época que obteve queda de 5,6%.

Fonte: Página 8