Professores exigem de Boric quitar compromissos de campanha | Foto: Reprodução

Milhares de professores chilenos marcharam pelas ruas da capital Santiago e outras cidades do país, na quarta-feira (26), para exigir melhorias no trabalho e o pagamento de uma dívida salarial milionária acumulada pelo Estado desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

“Há mais de um ano que estamos dialogando com o Governo, participando em todas as mesas, mas já não tínhamos alternativa. Os problemas são tão graves e sérios que hoje impedem o desenvolvimento normal dos trabalhos escolares”, afirmou o presidente do Colégio de Professores, Carlos Díaz, alertando que a convocação para outra marcha se tornará uma “paralisação ascendente” – de vários dias de duração – se as demandas do sindicato não forem atendidas satisfatoriamente.

A principal reivindicação dos professores é o pagamento da chamada “dívida histórica” originada em 1981, que representa o prejuízo salarial sofrido por mais de 76 mil professores da rede pública durante a ditadura pinochetista, quando a administração dos estabelecimentos foi transferida do Estado para os municípios, o que impediu que os educadores recebessem o reajuste salarial que foi contemplado na instância nacional.

Díaz assinalou que a dívida acumulada atinge “um número estratosférico, são muitos recursos, são mais de 17 bilhões de dólares e o governo não move uma palha para resolver o problema”.

O presidente chileno, Gabriel Boric, ex-dirigente estudantil, prometeu quando chegou ao poder reparar esse dano salarial, mas em aparição perante o Parlamento, em junho passado, voltou atrás dizendo que o Estado não tem fundos suficientes e que é preciso aprovar uma reforma tributária para obtê-los.

Com cartazes com mensagens como “Boric esquecidão, fica ligado com a educação” ou “200.000 professores morreram esperando por justiça”, a principal manifestação partiu da Praça Itália, local que foi o epicentro das grandes mobilizações sociais de 2019.

Segundo cálculos do sindicato, a greve de 24 horas foi seguida por mais de 100.000 professores em todo o país e cerca de 5.000 centros educacionais públicos fecharam suas portas nesta quarta-feira.

O Colégio de Professores anunciou uma nova greve de 48 horas para a próxima semana e alertou que está disposto a convocar uma paralisação por tempo indeterminado “se as autoridades da Educação não reagirem e implementarem o senso de urgência que a crise educacional exige”, declarou Díaz.

“É uma dívida que nenhum dos governos, tanto de direita quanto este que se diz de esquerda, conseguiu saldar. Houve promessas e tentativas, mas nenhum governo priorizou a educação e há professores que até morreram esperando justamente isso”, acrescentou Reinaldo Castillo, professor de educação básica de uma escola da periferia da capital.

Fonte: Papiro