Fernando Haddad | Foto: Washington Costa/MF

A atividade econômica do país recuou 2% em maio, frente ao resultado de abril (0,56%), segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (17). Esse é o maior tombo registrado pelo IBC-Br desde março de 2021, quando a economia recuou 3,6%.

Ao comentar o resultado do indicador do BC, considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), oficialmente divulgado pelo IBGE, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o péssimo resultado da economia está ligado a política monetária contracionista do Banco Central, que impõe os juros altos ao Brasil para restringir o consumo de bens e serviços no país.

“Foi um resultado esperado. O juro real é muito elevado. A pretendida desaceleração do Banco Central chegou muito forte”, declarou Haddad. “Precisamos ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% do juro real ao ano. É muito pesado para a economia”, criticou o ministro em conversa com jornalistas.

A queda do desempenho da economia, em conjunto com resultado de deflação registrado em junho, queda de – 0,08% do IPCA, aumentam a pressão contra Roberto Campos Neto (presidente do BC), que com sua falácia de inflação de demanda renitente, tenta justificar o injustificável para manter os juros na Lua, com a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.

Com os juros escorchantes do BC inibindo o crédito e o consumo das famílias, a produção industrial brasileira seguiu estagnada no mês de maio, ao variar apenas +0,3% frente a abril, quando recuou -0,6%, segundo dados do IBGE. No ano, até maio, a Indústria acumula uma queda de -0,4% e, em 12 meses, a variação é nula (0,0%) na sua produção.

As vendas do comércio varejista tombaram tanto na modalidade restrita (-1,0%) como na modalidade ampliada, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção (-1,1%), na passagem de abril para maio, também de acordo com dados IBGE.

Na comparação anual, o saldo da venda do setor está negativo em 1%. O comércio varejista só não está no campo negativo na análise do acumulado do ano (alta de 1,3%) por conta do resultado das vendas obtidas em janeiro (3,9%), que nada mais foi um refluxo proporcionado pelos descontos criados após o período festivo de final de ano e Black Friday, cujas vendas naufragaram. Em dezembro de 2022, as vendas do setor haviam tombado em -2,7%, após o recuo de -0,7% em outubro.

Por sua vez, após o recuo de 1,5% em abril, o volume de serviços prestados no país cresceu apenas 0,9%, não recuperando as perdas do mês anterior. O setor de Serviços, que sustentou o crescimento da economia após o fim das medidas de restrições de mobilidade criadas para combater a evolução da Covid-19 no país, opera 2,0% abaixo do pico recorde alcançado em dezembro do ano passado, segundo a série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, iniciada em 2011.

Entre as modalidades desse setor, destaca-se ainda que os serviços prestados às famílias estão 13,1% abaixo do pico de maio de 2014, enquanto os serviços profissionais, administrativos e complementares estão 14,1% abaixo do ápice de março de 2012, e o segmento de Outros serviços está 12,9% abaixo do auge de janeiro de 2012.

Fonte: Página 8