Luis Arce apresentou oito propostas para impulsionar o desenvolvimento da região | Foto: Presidência da Bolívia

O presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora defendeu a importância de uma “integração industrializadora, libertadora e sem o uso do dólar” durante a 62ª sessão plenária da Cúpula de Chefes de Estado do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e Estados Associados, realizada em Puerto Guazu, Argentina, na quarta-feira (5).

Em processo de adesão ao Mercosul, Arce destacou que “o povo boliviano tem vocação para a integração” e uma trajetória de luta anti-imperialista, de proteção das nossas potencialidades e recursos naturais, sublinhando a necessidade de estreitarmos cada vez mais os vínculos entre as nações sul-americanas. “Não é por acaso que certo Comando do Sul [EUA] nos tenha na mira. Temos muitos recursos que despertam a cobiça de quem sempre nos levou tudo sem deixar nada”, acrescentou.

Ao longo da semana ocuparam lugar nas manchetes a importância estratégica do lítio, mineral do qual depende a indústria de computadores, celulares e carros elétricos, e que Bolívia, Argentina e Chile detém 60% das reservas mundiais. Da mesma forma que as parcerias acordadas pela Bolívia com a Rússia e a China para a sua industrialização têm provocado reações por parte do governo estadunidense, que através de Elon Musk chegou a patrocinar um golpe.

Diante dos desafios colocados, Arce conclamou os países membros do Mercosul a “reduzir a dependência do dólar” e fortalecer as moedas locais para o comércio exterior – com transações bilaterais-, como mecanismos de sobrevivência frente à “crise estrutural do capitalismo”. “Nossa região é seriamente afetada pelas restrições e regulamentações impostas pelo sistema financeiro dos Estados Unidos, que limitam as opções de financiamento e as possibilidades de acesso aos mercados”, assinalou.

Para romper com estas travas, a Bolívia expressou uma proposta desenvolvimentista baseada em oito eixos: trabalhar para fortalecer as moedas em nível regional, promovendo seu uso em transações internacionais; combater a insegurança alimentar, abordando a questão por meio da cooperação na produção e comércio de alimentos; proteger as reservas e recursos de lítio dos países amazônicos; trabalhar conjuntamente para a industrialização de recursos estratégicos sem interferência ou pressão de qualquer natureza; implementar o Projeto Corredor Ferroviário de Integração Bioceânica para fortalecer a integração física e o desenvolvimento socioeconômico da região; implementar o Projeto Corredor Ferroviário de Integração Bioceânica para fortalecer a integração física e o desenvolvimento socioeconômico da região; ampliar a participação social para resolver a mudança climática, vencer a pobreza, a desigualdade e assegurar os direitos humanos, além de articular esforços nas fronteiras para facilitar o comércio e a mobilidade, combater a criminalidade transfronteiriça e impulsionar o desenvolvimento conjunto de projetos socioprodutivos.

Arce reiterou a necessidade da promoção e divulgação da diversidade cultural e da riqueza natural.

A Bolívia iniciou sua união ao bloco em 2012, após ratificar e colocar em vigor o Protocolo de Adesão da Bolívia como Estado membro, para o que foram cumpridas diversas tarefas.

O Protocolo de Adesão foi assinado em 2015, mas o processo para sua incorporação como membro pleno do bloco ainda não foi concluído por falta de aprovação do Congresso brasileiro.

Pelo significado da contribuição boliviana, o presidente Lula se comprometeu a trabalhar “pessoalmente” pela aceitação do país.

Fonte: Papiro