Zhang Jun embaixador da China na ONU | Foto: Missão da China na ONU

A Otan é “a verdadeira arruaceira” que abraçou totalmente “o pensamento da Guerra Fria e o preconceito ideológico”, afirmou o representante permanente da China na ONU, Zhang Jun, em reação ao comunicado emitido na cúpula de Vilna da aliança militar, em que esta acusou Pequim de buscar “políticas coercitivas” e desafiar os interesses do bloco.

O comunicado da Otan também atribuiu à China uma ampla gama de ferramentas para aumentar sua presença global e minar a segurança dos membros da aliança do Atlântico Norte.

Zhang classificou a declaração da Otan como “calúnia” e “difamação” da China, assinalando que o bloco militar avassalado por Washington ainda está preso a uma mentalidade de Guerra Fria.

Ele destacou que, embora a Otan se diga uma organização regional, ela viola esse princípio ao entrar na região da Ásia-Pacífico, “trazendo mais impactos negativos e fatores destrutivos para a segurança regional e global”.

Zhang disse que, apesar da Otan afirmar ser uma aliança defensiva, ela incentiva seus membros a aumentar os gastos militares, cruzar fronteiras e provocar confrontos.

O bloco, ele acrescentou, se apresenta como o campeão da ‘ordem internacional baseada em regras’, mas “violou repetidamente o direito internacional…, interferiu nos assuntos internos de outros países, provocou muitas guerras, bombardeou instalações diplomáticas, [e] matou civis inocentes.”

Os membros individuais da Otan perseguem padrões duplos, promovem o compartilhamento nuclear, a ‘aliança nuclear’ e exacerbam ainda mais as tensões regionais, ele sublinhou. “Numerosos fatos provaram que a Otan é a verdadeira encrenqueira”.

“A China não causa problemas, mas não tem medo de problemas”, advertiu Zhang, acrescentando que Pequim se oporá resolutamente a qualquer invasão da integridade territorial e dos interesses nacionais da China.

As observações de Zhang vêm depois que o Ministério das Relações Exteriores da China advertiu a OTAN contra a abertura de um escritório de ligação no Japão, o primeiro de seu tipo na região da Ásia-Pacífico.

A questão, segundo os analistas, ficou de fora do comunicado, devido à oposição da França. De acordo com o Nikkei Asia, a declaração relevante foi removida da versão final do documento, com uma decisão sobre o assunto adiada para uma data posterior.

Foi a segunda cúpula seguida da Otan que teve como convidados os chefes de governo do Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, enquanto Washington esconde sua disposição de intrometer a Otan na região Ásia-Pacifico.

Para a Rádio Internacional da China (RIC), o recente comunicado da Otan, que mencionou a China mais de dez vezes, adotou uma atitude mais agressiva.

Segundo a emissora chinesa, o governo Biden afirmou claramente que a “estratégia Indo-Pacífico” exige a participação da Otan e definiu a China como “concorrente estratégico mais importante”, também rotulada de “desafio sistemático”.

As acusações de Washington contra a China não têm base nos fatos, aponta a emissora. “O país asiático nunca iniciou nenhum conflito, nunca ocupou um centímetro de terra de outros países e jamais lançou uma guerra por procuração. Nos últimos 30 anos, a China enviou mais de 50 mil pessoas para as operações de manutenção da paz da ONU e é considerada como ‘o fator-chave e a força-chave das operações de manutenção da paz’”.

A RIC lembrou ainda que embora afirme ser uma “organização defensiva e defender a ordem internacional baseada em regras”, a Otan promoveu conflitos contra a Iugoslávia, Síria e outros países soberanos, levando à morte de um grande número de civis, e ao desabrigo de milhões de pessoas.

A emissora destacou ainda que, na coletiva após a cúpula, o presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou sua oposição à instalação de um escritório da Otan no Japão, assinalando que a aliança militar é uma organização do Atlântico Norte e o Japão não está na região.

Fonte: Papiro