Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

No primeiro semestre deste ano, 593 empresas entraram com pedido de recuperação judicial no Brasil, número que representa um avanço de 52,1% sobre igual período de 2022.

A política monetária centrada na manutenção da taxa básica de juros (Selic) a 13,75% pelo Banco Central (BC) é a principal causa apontada pela quebradeira: empresas estão se enforcando com os juros dos empréstimos, ao mesmo tempo que enfrentam uma demanda reprimida pelas condições de acesso ao crédito da população e o endividamento recorde das famílias.

De acordo com a Serasa, o número de pedidos atingiu o maior patamar em três anos.

Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, entidade responsável pelo levantamento, afirma que o aumento do endividamento das empresas é resultado das altas taxas de juros – da rápida subida do juro de 2% para 13,75% ao ano – o que não só encareceu o crédito, como também causou fuga de investimentos. O crédito empresarial neste período teve um custo médio impraticável de 19% ao mês, afirma o Serasa.

De acordo com Rabi, o aumento da inadimplência começou a crescer no final de 2021 de forma ininterrupta por 18 meses, refletindo nos pedidos de recuperação judicial que tende a crescer nos próximos meses.

Vimos estampado nas manchetes dos jornais os casos das dívidas bilionárias de grandes companhias, como Americanas, Light, Oi, Grupo Petrópolis, Raiola e Avibrás – mas o problema assola empresas de diversos portes e segmentos, na grande maioria são pequenas e médias empresas.

“O remédio amargo para combater a inflação com juros é o aumento da inadimplência. E o elo mais fraco dessa cadeia são as pequenas e médias empresas”, ressaltou.

Segundo a Serasa, 44% das empresas que pediram recuperação judicial no período eram do setor de serviços, justamente o que compõe mais de 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Em maio, o número de empresas inadimplentes no país alcançou 6,48 milhões. De acordo com o Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo (Simpi/SP), 47% das empresas estão com capital de giro insuficiente e 45% estão penduradas em bancos. “A escalada de juros está sendo mortal para 92% das empresas”, afirma Joseph Couri, presidente da entidade.

O número de falências decretadas também é surpreendente: foram 546 no primeiro semestre do ano. Os setores mais afetados foram, serviços, com 220 falências; a indústria, que fechou 172 companhias e comércio, com 150. Dentre os portes, a maioria foi de micro e pequenas empresas, com 303, depois médias empresas, 129 e, por fim, grandes empresas, 114.

Fonte: Página 8