Após quatro dias de marcha de Tel Aviv a Jerusalém, 100 mil israelenses ocupam a frente do parlamento | Foto: Noam Revkin Fenton/Haaretz

Ao final da tarde do sábado, 22, uma multidão entrou em Jerusalém após uma marcha de quatro dias que partiu do centro de Tel Aviv e atravessou a estrada que liga as duas cidades pernoitando nos kibutzim (aldeias israelenses) que abriram as portas aos manifestantes. Trens chegam de todos os pontos do país a Jerusalém lotados de israelenses dispostos a se reunirem com os manifestantes já acampados ao lado do parlamento, o Knesset.

A previsão é de que, nesta segunda-feira o número de manifestantes diante do Knesset chegue a mais de 200 mil.

É a 29ª semana de rebeldia popular contra a tentativa do governo fascista comandado pela coalizão Netanyahu/Gvir/ Smotrich de passar leis que, na prática, suprimem o Poder Judiciário de forma a conceder a esta maioria parlamentar atual um poder exclusivo e ditatorial sobre toda a população, comandada por um grupo que já manifestou uma estúpida voracidade de multiplicar o assalto a terras palestinas.

Na sexta-feira, milhares de manifestantes se reuniram diante do prédio da Histadrut, a Central Sindical de Israel, para pedir à direção da central que convoque uma greve geral caso passe a derrubada da chamada Lei da Razoabilidade (que dá à Corte Suprema o poder de anular leis que firam este princípio ainda que passem por maioria do Knesset, o congresso israelense). A organização que congrega os empregadores também se dispõe a apoiar, caso a Histadrut tome esta iniciativa.

Ao mesmo tempo dezenas de milhares de militares da reserva (que em Israel servem regularmente, em torno de um mês por ano, em constante prontidão) declararam que, passada a lei ditatorial, não se apresentarão mais ao chamado da sua corporação militar, incluindo 1.142 pilotos da Força Aérea israelense.

Neste sábado e domingo, generais, almirantes e brigadeiros saíram em apoio à decisão dos reservistas, dizendo que é Netanyahu, com sua voracidade ditatorial, quem está colocando a segurança do país em risco. Yuval Diskin, ex-chefe do serviço de segurança, Shin Bet, foi dos mais enfáticos:

“A batalha de hoje é pela natureza do Estado, contra aqueles que buscam destruir suas fundações e impor uma legislação que dana os valores centrais desta democracia, portanto, suspender a apresentação voluntária pelos reservistas é certamente um passo irregular, mas é legal, democrático e, acima de tudo, uma atitude heroica”.

Neste domingo, o ex-presidente da Corte Suprema, Aharon Barak, falou para uma multidão que se concentrou na sede da entidade: “A legislação que Netanyahu leva adianta para suprimir o Judiciário, é uma catástrofe nacional e pode se tornar o último prego no caixão da democracia israelense”.

A votação, que estava prevista para esta segunda-feira, agora pode acontecer na terça-feira, enquanto isso há uma grande mobilização de bastidores, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, pediu a Netanyahu para adiar a votação, assim como o dirigente da Histadrut, Arnon Bar-David, mas até aqui o premiê não deu sinais de arredar pé, mas já baixou hospital com taquicardia durante a semana passada.

Também houve outras reuniões, como a do líder oposicionista Yair Lapid, com o presidente Herzog e, ainda, do outro líder oposicionista e ex-chefe do Estado Maior, Benny Gantz e o atual chefe do Estado Maior, Herzl Halevi.

Fonte: Papiro