Foto: Tânia Rego

Após três meses seguidos em desaceleração, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial do país, apresentou no mês de julho o 1º resultado de deflação no ano, com queda de -0,08% em junho, elevando a pressão contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e sua falsa inflação de demanda.

Esta é a menor variação para o mês de junho desde 2017, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando também teve queda de 0,23%. Em junho de 2022, o índice teve alta de 0,67%.

No ano, a inflação acumula alta de 2,87%, taxa bem abaixo do registrado para o mesmo período do ano passado (5,49%). Em 12 meses, o IPCA fechou em alta de 3,16%, taxa que está também abaixo da marca registrada para o mesmo período do ano anterior (11,89%).

Com o Banco Central seguindo mantendo a Selic em 13,75%, os juros reais, quando descontado a inflação dos últimos 12 meses, segue disparando no Brasil, elevando ainda mais as dívidas das empresas, das famílias e do próprio governo, que de janeiro a maio já transferiu de recursos públicos para pagamento de juros a bancos R$ 296,7 bilhões, segundo dados do BC. No ano passado, no mesmo período, foram transferidos do setor público – isto é, governo central, Estados e estatais – via juros R$ 187,5 bilhões.

De acordo com o IBGE, quatro dos nove grupos pesquisados apresentaram queda em junho, com destaque para os recuos de Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%), que tiveram maiores influências para o resultado do IPCA. Os dois grupos representam cerca de 42% do indicador de inflação, segundo o analista do IBGE André Almeida.

“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explica Almeida.

O recuo nos preços do grupo Alimentação foi puxado pela alimentação no domicílio, que apresentou queda de -1,07%. Entre os destaques, foram constatadas quedas nos preços do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%). Por outro lado, a batata-inglesa (6,43%) e alho (4,39%) subiram de preço no período.

Do lado do Transportes, a queda veio com redução de preços de todos os combustíveis. A gasolina, que tem maior peso individual, teve recuo de 1,14%. O óleo diesel caiu 6,68%. Etanol, 5,11%. Por sua vez, o gás veicular teve queda de 2,77%. Por fim, o gás de botijão teve baixa de 3,82%. No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.

Fonte: Página 8