Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova | Foto: Sputnik

“A decisão da administração Joe Biden de fornecer bombas de fragmentação ao regime de Kiev é mais uma manifestação flagrante do agressivo curso anti-russo dos Estados Unidos, com o objetivo de prolongar o conflito na Ucrânia e a guerra até ao último ucraniano”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, enfatizando o menosprezo de Washington pelas vidas humanas. “Ao abastecer a Ucrânia com esse tipo de bombas, banidas em 123 países, os EUA se tornarão cúmplices e farão daquele território um campo minado”, resumiu.

Conforme Zakharova, esta é uma decisão desesperada diante do fracasso da tão propagandeada “contraofensiva” do regime de Zelensky, “uma demonstração de impotência” que nem o bilionário apoio dos EUA tem conseguido minimizar. “É um envolvimento cada vez mais profundo dos EUA e dos seus satélites nas hostilidades”, acrescentou.

Em relação às promessas ucranianas sobre um eventual “uso cuidadoso de bombas de fragmentação”, a representante russa disse que são declarações completamente inúteis e que, evidentemente, penalizarão os civis. Afinal, explicou, são bombas que “podem permanecer sem detonar por muito tempo e explodir após o fim das hostilidades”, como aconteceu após seu uso no Oriente Médio e em outras regiões do mundo, espalhando destruição, mortes e mutilações.

As bombas de fragmentação, também chamadas de cluster [aglomerado] ou de dispersão, são lançadas em queda livre e possuem um dispositivo que, ao ser aberto, libera de dezenas a centenas de pequenas bombas em um raio de 400 metros. O fato é que algumas das bombas menores podem ser de explosão retardada, para dificultar o socorro a feridos ou impedir o conserto imediato de instalações.

Como muitos desses projéteis não são detonados ao contato com pessoas ou veículos, os transformam em minas terrestres durante anos ou até décadas após terem sido disparados. Dados levantados pela Reuters em 2008 indicavam que um terço das vítimas das bombas de fragmentação era composta por crianças, e 60% foram atingidas enquanto realizavam atividades cotidianas. Analistas militares confirmam que um alto percentual delas não explode no impacto, fazendo do território um campo minado.

“A comunidade internacional não tem o direito de ignorar esses fatos óbvios e deve responder adequadamente a eles”, enfatizou Zakharova, para quem a “arma milagrosa” com que os EUA apostam sem pensar nas consequências não afetará o curso da operação militar especial russa.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, voltou a alertar que os países ocidentais que apoiam a Ucrânia estão se tornando parte do conflito e qualquer envio de armas para Kiev se converte em alvo legítimo para as Forças Armadas russas.

Embora alinhado com os EUA na agressão, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse neste sábado que seu país “desencoraja” a utilização das bombas de fragmentação e apontou que o Reino Unido é um dos 123 países que assinou a Convenção sobre as Munições de Fragmentação de 2008. Da mesma forma se posicionaram a Espanha, Canadá e Alemanha. A ONU também condena a ameaça norte-americana.

Fonte: Papiro