Deputados australianos exigem liberdade para Assange diante da embaixada dos EUA | Vídeo

O mais conhecido preso político do mundo, o jornalista Julian Assange, que publicou os documentos que provam os crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão e está ameaçado de extradição para os EUA e 175 anos de cárcere, completou 52 anos na segunda-feira no presídio de segurança máxima britânico, Belmarsh, onde se encontra em confinamento solitário.

Na véspera, sua esposa Stella Assange tuitou que seu marido ainda não teve permissão para ver um vídeo de aniversário mais antigo. “Seu quinto aniversário na prisão de Belmarsh. Em seu segundo aniversário em Belmarsh em 2020, as crianças e eu assamos Lamingtons australianos e filmamos este vídeo para ele, que até agora ele não viu”, postou Stella.

Na segunda-feira, ativistas homenagearam Assange com projeções em edifícios londrinos proeminentes de frases como “Julian, você lutou por nós, agora nós lutamos por você.” Também – lembrando o apoio do governo Blair a invasão do Iraque -, “Culpado de apenas mostrar a você os crimes de guerra cometidos em seu nome.”

“Hoje é o aniversário de 52 anos de Assange, seu 11º sem liberdade. Se ele for extraditado para os EUA, pode pegar até 175 anos de prisão. Repetimos nosso apelo: não silencie os jornalistas, não extradite Assange!”, postou a Federação Internacional de Jornalistas (IfJ).

Um dos documentos trazidos a público por Assange e pelo WikiLeaks foi o vídeo, gravado desde um helicóptero de guerra Apache, em Bagdá, que registra como dois jornalistas e uma dezena de civis desarmados são metralhados e mortos durante a ocupação, vídeo apropriadamente mostrado como “Assassinato Colateral”.

No início de junho, a Suprema Corte de Londres rejeitou o pedido de Assange para uma audiência de apelação. A Anistia Internacional Austrália comentou em 3 de julho que a família de Julian Assange confirmou a eles “que sua saúde deteriorada, sua detenção na prisão de Belmarsh e a contínua ameaça do governo dos Estados Unidos estão causando sérios danos a ele”. A entidade pediu ao governo australiano que “exorte os Estados Unidos a retirar as acusações contra Julian Assange e encerrar os esforços de extradição”.

Presidentes, líderes políticos, intelectuais e artistas têm exigido que cesse a perseguição a Assange e que Washington revogue seu pedido de extradição.

Os presidentes Lula (Brasil) e Andrés Manuel Lopez Obrador (México), assim como a vice argentina Cristina Kirchner e o primeiro-ministro australiano Antony Albanese, pediram sua libertação. Parlamentares da Austrália, Alemanha, França, Brasil e até dos EUA também expressaram solidariedade ao jornalista perseguido.

Engrossam ainda a corrente por Assange personalidades como o fundador do Pink Floyd, Roger Waters, o premiado cineasta John Pilger e o linguista Noam Chomsky. O pré-candidato a presidente dos EUA, Robert Kennedy Jr, sobrinho do presidente assassinado JFK, anunciou que, se for eleito, perdoará imediatamente Assange e Edward Snowden.

Diretores de alguns dos principais jornais do mundo – e que inclusive também divulgaram em 2010 os documentos apresentados pelo WikiLeaks -, como The New York Times (EUA), The Guardian (Inglaterra), Le Monde (França), Der Spiegel (Alemanha) e El País (Espanha), enviaram carta ao governo dos EUA em que pedem o fim da perseguição a Assange porque “publicar não é crime”.

Assange também foi homenageado pela Ordem dos Jornalistas Italianos com carteira de honra da entidade. Na semana passada, um dos mais importantes jornais italianos, Il Fatto Quotidiano, se somou a campanha pela libertação de Assange, divulgando uma carta aberta em que afirma que “enquanto Assange não é mais um homem livre desde 2010, os criminosos que cometeram as atrocidades denunciadas pelo Wikileaks desfrutam de suas famílias sem problemas. O mundo está de cabeça para baixo: criminosos livres e jornalistas, que tiveram a coragem de denunciá-los, presos para sempre”.

Fonte: Papiro