Xi Jinping recebeu a visita do secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken | Foto: AFP

“Há necessidade de mais contribuições positivas dos EUA. Interações entre Estados sempre devem ser baseadas em respeito mútuo. Espero que, com essa visita, senhor secretário, você faça mais contribuições positivas para as relações sino-americana”, afirmou Xi Jinping durante seu encontro em Pequim com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, esta segunda-feira (19).

Assinalando “que os interesses comuns dos dois países devem ser valorizados e seu respectivo sucesso é uma oportunidade em vez de uma ameaça um ao outro”, Xi apontou que os dois países devem agir com senso de responsabilidade pela história, pelas pessoas e pelo mundo, e lidar adequadamente com as relações China-EUA.

“Desta forma, podem contribuir para a paz e o desenvolvimento global e ajudar a tornar o mundo, que está em mudança e turbulento, mais estável, certo e construtivo”, acrescentou.

Xi enfatizou que a competição entre grandes países não representa a tendência dos tempos, e muito menos pode resolver os próprios problemas da América ou os desafios que o mundo enfrenta. “A China respeita os interesses dos EUA e não procura desafiar ou substituir os Estados Unidos. Na mesma linha, os Estados Unidos precisam respeitar a China e não devem ferir os direitos e interesses legítimos da China. Nenhum dos lados deve tentar moldar o outro lado por sua própria vontade, menos ainda privar o outro lado de seu direito legítimo ao desenvolvimento”, sublinhou.

O presidente chinês disse que seu país sempre espera ver um relacionamento China-EUA sólido e estável e acredita que os dois principais países do mundo podem superar várias dificuldades e encontrar o caminho certo para se relacionar com base no respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha, chamando o lado dos EUA para adotar uma atitude racional e pragmática e trabalhar com a China na mesma direção.

O encontro desta segunda-feira entre Xi e Blinken, que não fazia parte da agenda oficial e foi confirmado à última hora, aconteceu no segundo e último dia da visita do secretário de Estado norte-americano à China.

Blinken ressaltou que apesar do progresso, nada “será resolvido com uma só visita”. O encontro desta segunda-feira mostra que não há desejo de nenhuma das partes que a relação sino-americana seja paralisada pelas desavenças ou hostilidades. “Tanto os EUA quanto a China têm responsabilidade de administrar essa relação de forma responsável. Fazer isso serve aos interesses dos EUA, da China e do mundo”, disse Blinken, durante entrevista coletiva.

SEM CONCESSÕES SOBRE TAIWAN

Antes do encontro com o presidente, Blinken já tinha se encontrado com Wang Yi em uma reunião que durou cerca de três horas. “É necessário fazer uma escolha entre o diálogo e a confrontação, a cooperação e o conflito”, sublinhou o diplomata de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV.

Wang Yi afirmou que o país não fará “nenhum compromisso” em relação a Taiwan. “Manter a unidade nacional está sempre no centro dos interesses fundamentais da China” e, “nesta questão, a China não fará compromissos ou concessões”, disse o ministro na primeira visita de um secretário de Estado dos EUA desde 2018.

O mais alto responsável do Partido Comunista Chinês (PCCh) para a diplomacia, pediu que os Estados Unidos respeitem a soberania e a integridade territorial da China e que não defendam a independência de Taiwan.

O diplomata enfatizou que o agravamento das relações bilaterais dos últimos anos se deve à “percepção errônea” dos EUA em relação à China, que tem levado a “políticas equivocadas” em relação ao gigante asiático. Ele também instou Washington a renunciar às suas tentativas de conter o desenvolvimento tecnológico do país, suspendendo as “sanções unilaterais ilegais” impostas contra gigantes digitais chineses e o comércio.

Na primeira rodada de conversas, no domingo (18), Blinken reuniu-se por quase seis horas com o ministro de Relações Exteriores da China, Qin Gang, após os dois países terem dito que concordaram em continuar o diálogo de alto nível.

Os dois lados disseram que Qin aceitou um convite de Blinken para visitar Washington, mas Pequim deixou claro que “a relação entre a China e os EUA está no ponto mais baixo desde que foi estabelecida”.

Fonte: Papiro