Salários, inflação menor, Bolsa Família e isenção do IR aumentam consumo familiar
De janeiro a maio, o consumo das famílias aumentou 2,33%, conforme divulgou nesta quinta-feira (29) a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Segundo a entidade, os brasileiros consumiram mais alimentos e outros produtos de uso doméstico em casa nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.
Entre os fatores que puxaram a alta estão o reajuste do salário mínimo e dos servidores federais e o resgate de valores do PIS/Pasep, a garantia do valor do novo Bolsa Família e outros benefícios sociais, o aumento da isenção do Imposto de Renda e a queda da inflação, especialmente de alimentos.
Em abril, o crescimento acumulado chegou a 2,14%, superando os registrados em fevereiro e março, de 1,98% e 1,44%, respectivamente. O principal destaque da pesquisa, apontado pela Abras, foi a diminuição do preço dos cortes de carne bovina, suína e de frango nos últimos meses. Entre janeiro e maio, o corte traseiro teve queda de 5,84%, enquanto que o dianteiro recuou 4,64%. O valor do frango congelado diminuiu 1,80% em maio e 4,57% nos cinco primeiros meses deste ano. Os campeões de queda nos preços foram cebola, batata, óleo de soja e café torrado.
Ao comentar o consumo das famílias, o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, avaliou que “as famílias têm podido organizar melhor” as finanças nos últimos meses. Ele também atribuiu os resultados à ampliação da isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), em vigor desde maio.
“É um período marcado por ampliação dos programas de transferência de renda que, somando aos reajustes salariais, injeção de recursos na economia e por menor pressão da inflação dos alimentos – sobretudo para famílias com renda mais restrita e que formam os grupos mais sensíveis às variações de preços de alimentos – tornou o consumo nos lares mais consistente até maio”, comenta Milan.
Ele ainda admite que o consumo só não é maior devido ao endividamento e inadimplência das famílias. Com o programa Desenrola, em que o governo pretende incentivar a renegociação de dívidas, o padrão de consumo deve aumentar ainda mais.
Maior oferta
Em média, o valor da cesta básica apresentou leve queda, de abril para maio, passando de R$ 751,29 para R$ 750,22. O valor da cesta básica de 12 produtos (açúcar, arroz, café moído, carne, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, leite longa vida, margarina, massa/macarrão, óleo de soja e queijo) fechou em R$ 322 em maio, 0,14% a menos do que em abril.
No grupo de produtos que tiveram queda de preço, estão o óleo de soja (7,11%), carne bovina – corte dianteiro (0,93%), frango congelado (1,80%) e batata (1,90%). Já entre os que ficaram mais caros nas prateleiras estão tomate (6,65%), leite longa vida (2,37%) e shampoo (1,28%).
Segundo a Abras, além da competitividade, que faz girar o mercado, muitas marcas têm surgido nas gôndolas. Esse fenômeno, segundo Milan, também tem relação com a multiplicação de marcas exclusivas dos mercados, que acabam sendo, muitas vezes, uma opção mais em conta para os clientes. Para se citar um exemplo, em maio de 2022 havia 71 marcas de feijão nas redes de supermercados, quantidade que cresceu, no mês passado, para 73.
“No ano passado, com renda reduzida, o consumidor passou a substituir marcas”, observou o representante da Abras.
A perspectiva da associação, quanto ao cenário que se tem pela frente, é positiva. São levados em conta outros incrementos de renda, como os oriundos de programas de transferência de renda e o pagamento do Benefício Variável Familiar e do Auxílio Gás.
(por Cezar Xavier)