Porto-riquenhos protestam contra elevação das tarifas de energia | Foto: EFE

Milhares de manifestantes, entre trabalhadores, comerciantes, líderes religiosos, intelectuais, economistas, professores e aposentados, saíram às ruas de Porto Rico na quarta-feira (28) para protestar contra o aumento da conta de luz em meio a uma crise de pagamento devido às altas tarifas impostas.

O receio dos porto-riquenhos é que a elevação das tarifas deve provocar um aumento na cadeia de produtos essenciais.

A marcha sob o lema “Chega de aumentos”, repudiou um plano de ajuste da dívida da Autoridade Estadual de Energia Elétrica (AEE), em meio a um processo de privatizações, que hipotecará os portorriquenhos pelos próximos 50 anos.

Lideranças sindicais denunciam que avança o desmantelamento de empresas públicas, como a AEE, que no dia 1º de julho será entregue à Genera PR, empresa gerenciada por grupos econômicos dos Estados Unidos e do Canadá que funcionam isentos de impostos.

“Não podemos ficar calados, enquanto eles nos destroem; por isso estamos unidos como povo, (incluindo) aqueles que acreditavam que com as privatizações resolveríamos o problema que os partidos políticos que nos governam há anos criam”, disse Josué Mitjá, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Eletricidade e Irrigação (Utier).

Ele destacou que a privatização, que é política pública do governo do governador Pedro R. Pierluisi, do Partido Novo Progressista (PNP), partidário da manutenção da anexação aos Estados Unidos, tem representado a mostra da enganação.

Ao mesmo tempo, o Conselho de Supervisão Fiscal (JSF) estabelecido por Washington para controlar as finanças de Porto Rico “impulsiona um pacote de medidas para corroer gradualmente nossa viabilidade futura como povo. O governo de plantão tem mostrado a sua verdadeira cara: se preocupa mais com o jogo político do que com o povo que tem a obrigação de defender”, afirmou Mitjá.

Cristina Miranda Palacios, diretora geral da organização Liga das Cidades de Porto Rico, declarou que o aumento não é justo nem aceitável. “É inconcebível que as pessoas, incluindo as populações marginalizadas e economicamente desfavorecidas, tenham de assumir este custo de um serviço de qualidade altamente questionável”, assinalou.

Os preços da eletricidade para moradias em Porto Rico são atualmente quase o dobro do que custam no território continental dos EUA, enquanto as tarifas industriais e comerciais são mais do que o dobro, de acordo com a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos.

A tensão em torno da questão energética em Porto Rico decorre não apenas do fato de que mais de 40% dos 3,2 milhões de habitantes de Porto Rico vivem abaixo da linha da pobreza, mas também dos contínuos apagões causados ​​por uma rede elétrica em péssimo estado, sem manutenção desde o furacão Maria em 2017. Apagões generalizados foram relatados em toda a ilha na quarta-feira (28) em meio a muitas chuvas e raios gerados por uma forte onda tropical na região.

Fonte: Papiro