Pescadores sul-coreanos vão às ruas de Seul contra descarte de água de Fukushima pelo Japão | Foto: Xinhua

O diretor da Federação de Pesca de Fukushima, Tetsu Nozaki, expressou, nesta quarta-feira (28), a oposição dos trabalhadores ao plano de liberar água radioativa da usina nuclear de Fukushima no mar.

Pescadores da Coreia do Sul também saíram às ruas para se manifestarem contra o risco de contaminação dos peixes e frutos-do-mar caso o despejo de águas radioativas venha a se realizar,

Durante uma reunião com a operadora da usina, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), na terça-feira (27), Nozaki afirmou à emissora pública NHK que há oito anos o governo do Japão e a TEPCO prometeram aos pescadores da região que não descartariam as águas residuais sem obter a concordância das partes envolvidas.

Nozaki declarou que considera que o governo e a TEPCO tenham repetidamente fornecido suas avaliações sobre o plano de descarga, mas os pescadores não o endossaram, de acordo com a NHK.

A TEPCO concluiu a construção do sistema para liberar águas residuais nucleares da instalação no mar na segunda-feira (26). A Autoridade de Regulação Nuclear (NRA) deve começar a inspecionar o sistema a partir de quarta-feira (28), disse o relatório.

Se a NRA der luz verde, o sistema estará pronto para a operação de descarga, que a TEPCO planeja iniciar neste verão.

Usadas para resfriar reatores após o desastre em Fukushima provocado pelo tsunami que causou o grande terremoto de 2011, as águas foram armazenadas em enormes tanques na usina e atingiram mais de 1,3 milhão de toneladas em janeiro passado.

Apesar da contínua oposição interna e externa, o Japão tem se apressado para executar seu plano de despejar águas residuais radioativas no Oceano Pacífico, causando crescente indignação e alimentando temores na comunidade global.

Se a água contaminada de Fukushima for lançada no oceano, isso causará um declínio acentuado no consumo de frutos-do-mar, como caracóis marinhos e todos os tipos de peixes da região, resultando em uma enorme perda de aproximadamente 2,8 bilhões de dólares para a indústria de frutos-do-mar a cada ano, além de atingir uma cadeia de produção com a consequente perda de empregos.

ÁGUA CONTAMINADA VIOLA CONVENÇÃO DA ONU

Na 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, realizada na semana passada em Genebra, o Japão foi instado a enfrentar as preocupações legítimas da comunidade internacional sobre o despejo de água contaminada por dispositivos nucleares no oceano. O embaixador Chen Xu, representante chinês no conselho, frisou que essas medidas do Japão representam o risco de poluição nuclear para toda a humanidade, o que está colocando seriamente em risco o direito à saúde das pessoas de todos os países.

O representante chinês assinalou que o despejo dessa água pelo Japão violou suas obrigações sob a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e que Tóquio até agora não conseguiu provar que o despejo de água contaminada por armas nucleares no mar é seguro. Os dados divulgados pelo próprio Japão também mostram que quase 70% da água contaminada com tratamento nuclear ainda não atende aos padrões.

O secretário-geral do Fórum das Ilhas do Pacífico, Henry Puna, disse que o plano do Japão de despejar águas residuais nucleares no mar “não é apenas uma questão de segurança nuclear. É uma questão de legado nuclear, um oceano, pesca, meio ambiente, biodiversidade, mudança climática e questão de saúde com o futuro de nossos filhos e gerações futuras que está em jogo”.

Fonte: Papiro