Fernando Haddad | Foto: Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (19) que o início de corte da taxa básica de juros (Selic) deveria ter ocorrido em março deste ano. “Pra mim, deveria ter sido em março o início da redução. Vamos ver, vamos aguardar”, disse Haddad, em conversa com jornalistas na Fazenda. Ele disse isso ao ser questionado sobre a previsão do “mercado” de redução em agosto.

Já em março, integrantes do governo Lula e o próprio presidente da República já estavam fazendo críticas acirradas ao patamar de juros. O Brasil vem mantendo as maiores taxas de juros reais do mundo. Nesta segunda-feira, Lula voltou a mencionar Roberto Campos Neto, o presidente do BC, ao dizer que a Selic em 13,75% é “inexplicável”. “Ele vai ter que explicar ao Senado porque está mantendo 13,75% de juros com uma inflação de 5%”, cobrou Lula.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade foi outro que também criticou a insistência de Campos Neto em manter os juros nas alturas mesmo com a inflação caindo. Ele afirmou nesta segunda-feira (19) que “não há no Brasil nenhuma atividade econômica que possa pagar os juros tão elevados com estamos vendo hoje”.

Na próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem nova decisão sobre juros. A expectativa é pela manutenção em 13,75% ao ano. O atual consolidado de mercado – divulgado nesta segunda-feira – aponta para a Selic em 13,50% no mês de agosto e 12,25% até o fim do ano.

A empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, voltou a cobrar a queda dos juros na segunda-feira (12), em evento do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, com a presença de Campos Neto. Sobre a fala de Campos Neto dizendo a redução nos juros seria “lá na frente”, ela disse: “Vai ter muita gente quebrada até lá!”

“A nossa realidade é diferente, o varejo puxa tudo, a indústria, a produção. Estamos tendo excesso de produto, as indústrias não têm onde colocar, nem sempre esse remédio amargo também resolveu a inflação. Já tivemos muito remédio amargo, se estou defendendo é pela pequena e média empresa. Queria pedir, por favor, para dar um sinal de [que vai] baixar esses juros”, afirmou Trajano.

Fonte: Página 8