Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 13,75% é “escandalosa e injustificável”.

“A decisão do COPOM na reunião de ontem [quarta-feira,21] foi escandalosa, injustificável, uma verdadeira sabotagem do cavalo de troia deixado por Bolsonaro para prejudicar o governo Lula”, declarou o deputado através de suas redes sociais.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi indicado por Jair Bolsonaro e até era membro do grupo de ministros do antigo governo, ainda que sua posição devesse ser de “autonomia”.

Todos os membros do Copom que participaram da decisão de manter os juros estratosféricos foram indicados por Bolsonaro.

Para Orlando Silva, se os diretores “tivessem decência e algum patriotismo, entregariam os postos”.

No comunicado oficial, o Copom sequer deu indicativos de que poderá abaixar os juros no curto prazo, o que é “inacreditável e lunático”, de acordo com o deputado.

Desde agosto de 2022 o Banco Central mantém a taxa de juros em 13,75%. De lá para cá, a inflação baixou e fez com que os juros reais subissem.

Com a inflação acumulada dos últimos 12 meses em 3,94%, os juros reais estão em 9,81%. O Brasil é o país com a maior taxa de juros reais do mundo.

Orlando Silva afirmou que “é o Estado capturado pelo rentismo. Sabotagem!”.

O presidente Lula também criticou a posição de Roberto Campos Neto e os demais membros do Copom. “Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável do porquê a taxa de juros estar em 13,75%”.

“Quem está brigando hoje com o Banco Central é a sociedade brasileira. Os varejistas, os pequenos e médios empreendedores, as pessoas que precisam de crédito. É irracional o que está acontecendo no Brasil. Temos 72% de brasileiros e brasileiras com dívidas, e esse é um problema da sociedade brasileira”, continuou.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota denunciando que a decisão do Copom “é equivocada e impõe riscos à economia”.

“A manutenção da Selic em 13,75% ao ano, com as expectativas de inflação para os próximos 12 meses em queda, representa menos dinheiro em circulação e um pé no freio na atividade econômica, que no jargão econômico é chamado de ‘intensificação do caráter contracionista da política monetária’”, continuou a entidade.

Fonte: Página 8