Liberdade para Assange exige manifestante diante da Corte do Reino Unido | Foto: Daniel Leal Olivas/AFP

Associações internacionais de jornalistas e de direitos humanos lançaram um manifesto diante dos riscos de que o fundador e editor do WikiLeaks, Julian Assange, seja extraditado pela Inglaterra aos Estados Unidos, “onde pode pegar um total de 175 anos de prisão, o que significa passar o resto de sua vida atrás das grades”. “Julian Assange está agora perigosamente perto da extradição”, alertam as entidades no documento encabeçado pela Repórteres Sem Fronteiras.

O fundador do WikiLeaks denunciou inumeráveis crimes de guerra do governo americano pelo mundo afora, incluindo massacres, bombardeios e torturas. Em abril de 2019, após viver quase sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres, foi retirado por policiais – com a cumplicidade do então presidente Moreno – e preso pelo governo inglês na masmorra de Belmarsh, a pedido da Casa Branca. “Ele é um preso político e está atualmente detido no Reino Unido sob falsas acusações”, acrescentam as entidades.

De acordo com o comunicado, na semana passada, “um único juiz do Reino Unido emitiu uma decisão de três páginas rejeitando o recurso contra a ordem de extradição, deixando apenas uma única etapa final possível nos tribunais”. “Nosso apelo ao presidente Biden agora é mais urgente do que nunca: retire essas acusações, encerre o caso contra Assange e permita sua libertação sem demora!”, enfatizaram.

Conforme descrevem as organizações, “o governo dos EUA solicitou a extradição de Assange para levá-lo a julgamento por 18 acusações relacionadas à publicação do Wikileaks, em 2010, de centenas de milhares de documentos que expuseram crimes de guerra e violações de direitos humanos e informaram relatórios de interesse público em todo o mundo”.

Se extraditado, assinalam as associações de jornalistas, “Assange seria o primeiro editor a ser julgado sob a Lei de Espionagem dos EUA, que carece de defesa de interesse público”. “Isso criaria um precedente alarmante que impactaria permanentemente o clima do jornalismo em todo o mundo. O peso histórico do que acontece a seguir não pode ser exagerado; é hora de acabar com esse ataque implacável a Assange e agir para proteger o jornalismo e a liberdade de imprensa”, conclui o documento, que reitera a necessidade do apoio contínuo ao movimento #FreeAssange.

O pai de Assange, John Shipton, reiterou que seu filho e o WikiLeaks “expuseram a todos nós a extensão da criminalidade e corrupção cometidas pelos EUA e seus aliados”, rechaçando a brutal perseguição movida contra o jornalista ao longo de 11 anos, desde que publicou os crimes de guerra e tortura no Iraque, Afeganistão e Guantánamo.

Recentemente, em maio, na véspera da coroação de Charles III, o fundador do WikiLeaks abusou da ironia ao convidá-lo para uma visita a sua cela. “Na coroação de meu senhor, achei apropriado estender-lhe um convite cordial para comemorar esta ocasião importante visitando um reino dentro de seu próprio reino: a Prisão de Sua Majestade em Belmarsh”. “Como prisioneiro político, mantido a bel-prazer de Sua Majestade em nome de um soberano estrangeiro embaraçado, sinto-me honrado em residir dentro dos muros desta instituição de classe mundial”, disse Assange.

“Vejo com preocupação a possibilidade iminente de extradição do jornalista Julian Assange. O repórter investigativo fez um importante trabalho de denúncia de ações ilegítimas de um Estado contra outro. Sua prisão vai contra a defesa da democracia e da liberdade de imprensa”, afirmou o presidente Lula, ressaltando que “é importante que todos nos mobilizemos em sua defesa”.

Fonte: Papiro