Arthur Lira | Foto: Reprodução/YouTube

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), empregou familiares de seu ex-assessor Luciano Cavalcante, investigado no esquema milionário dos kits de robótica, na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Lira domina os cargos de confiança no órgão desde o governo Temer e usou a estatal para empregar os familiares de seu ex-assessor corrupto.

O irmão de Luciano, Carlos Jorge Ferreira Cavalcante, é superintendente da CBTU em Maceió, capital de Alagoas, e recebe um salário de R$ 19,4 mil.

Segundo o Estadão, Carlitos, como é conhecido Carlos Cavalcante, foi indicado para a superintendência da CBTU em Maceió por conta de sua proximidade, e de seu irmão, com Arthur Lira e Biu de Lira, pai do presidente da Câmara e prefeito de Barra de São Miguel.

Carlos Cavalcante fez campanha para Arthur Lira nas eleições de 2014, 2018 e 2022. Em 2021 e 2023, ele esteve em Brasília para comemorar a eleição de Lira para presidente da Câmara dos Deputados.

A esposa de Luciano Cavalcante, Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, também tem um cargo na CBTU por conta de Lira.

Ela é gerente regional de Planejamento e Engenharia da estatal e tem um salário de R$ 13,3 mil.

Assim como Luciano, Glaucia já foi assessora de Arthur Lira na Câmara dos Deputados.

Toda a família de Luciano Cavalcante faz campanha para Arthur Lira na cidade de Atalaia, que tem 47 mil habitantes e fica a menos de 50km de Maceió.

Arthur Lira chegou a enviar recursos, através do orçamento secreto, para que Atalaia comprasse kits de robótica. Uma compra de R$ 4,2 milhões foi barrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que apontou sobrepreço.

Luciano Cavalcante foi assessor no gabinete de Arthur Lira e estava lotado na assessoria do PP, com um salário de R$ 14,7 mil, até segunda-feira (5). Ele só foi demitido depois que o esquema criminoso foi desmontado pela Polícia Federal e o caso ganhou repercussão nacional.

Na investigação, a PF descobriu que Cavalcante era membro de um grupo no WhatsApp chamado “Robótica Gerenciamento”, junto com a dona da Megalic, empresa que vende os kits superfaturados, e outros investigados.

O motorista de Luciano Cavalcante foi filmado recebendo dinheiro vivo no estacionamento de um hotel, em Brasília, e depois subindo para o apartamento em que o ex-assessor de Lira estava.

A Megalic superfaturou em 420% os kits de robótica que vendeu para diversos municípios de Alagoas. A empresa os comprou por R$ 2,7 mil e revendeu por R$ 14 mil a unidade para as prefeituras.

Depois, repassava esse dinheiro para outras pessoas e empresas, que dividiam entre os membros do esquema criminoso.

O dono da Megalic é Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió, João Catunda (PSD), amigo e aliado de Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados.

Outro membro da organização criminosa que tem relação com Arthur Lira é o policial civil e empresário Murilo Sérgio Jucá Nogueira Júnior.

Um carro de Murilo, do modelo Hilux, foi filmado fazendo “delivery” de dinheiro do esquema criminoso.

Esse mesmo carro foi emprestado por Murilo para que Arthur Lira usasse na campanha eleitoral. A “doação”, no valor de R$ 4 mil, está registrada nas contas de campanha de Lira.

Em um endereço ligado a Murilo, a PF encontrou um cofre e uma mala lotados com R$ 4 milhões em dinheiro vivo.

A Polícia Federal está apurando se o casal que operacionalizava os pagamentos, Pedro e Juliana Salomão, custearam um apartamento que foi comprado em nome de Luciano Cavalcante.

A PF descobriu que a PJX Administração e a Exclusiva Tecnologia, que são de Pedro Salomão, fizeram pagamentos, entre junho de 2022 e maio de 2023, superiores a R$ 150 mil para a Promenade Ponta Verde II Empreendimentos.

A Promenade está construindo, no Estado de Alagoas, um edifício de apartamentos de dois quartos, com 52m² e vendidos por R$ 318 mil.

A PF pediu operações de busca e apreensão contra as empresas.

“Acredita-se que as transferências citadas que tiveram como destinatária a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos, realizadas através de contas de empresa fictícia do casal de Brasília, se destinaram à aquisição ou pagamento parcelado de unidades no empreendimento Edifício Promenade II Ponta Verde, em benefício de Luciano Cavalcante”, argumentou.

O mesmo pode ter acontecido quando a Megalic fez pagamentos de R$ 550 mil para a construtora EMG, também de Alagoas.

A EMG construiu uma casa que, segundo a PF, era de Luciano Cavalcante.

Fonte: Página 8