EUA quer impor regras e restrições aos demais países, denuncia Lavrov | Foto: Tass

“Isto já não tem remédio. É uma obsessão pela sua supremacia”, disse o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, ao denunciar, nesta sexta-feira (30), a postura dos Estados Unidos e países satélites que seguem suas receitas imperialistas de impor as suas regras à maioria das nações do mundo.

O diplomata apontou o “pesado grupo de países do ‘bilhão de ouro’ que tenta ditar suas regras para todo mundo”, o que os leva a “uma obsessão pela segurança infalível da sua razão”.

O chanceler russo afirmou que enquanto Moscou se prepara para a cúpula Rússia-África programada para 26-29 de julho em São Petersburgo, onde serão abordadas questões econômicas, educação, cooperação humanitária e outras áreas, o Ocidente “pressiona descaradamente os Estados africanos, exigindo todos os dias que cancelem sua viagem à cúpula ou reduzam seu nível de participação”.

No entanto, mais de metade dos países do continente africano já confirmou a sua participação neste evento.

“Deixem a maioria global em paz: os países da Ásia, África, América Latina. Trate-os como adultos, respeitem seu direito de ouvir as avaliações da Rússia e do Ocidente e deixe-os decidir por si mesmos qual será a posição deles”, insistiu Lavrov.

Durante da coletiva de imprensa, o ministro declarou que a Federação Russa buscará uma rápida expansão do Conselho de Segurança das Nações Unidas graças aos países da Ásia, África e América Latina, indicando que “alinhar o estado dos principais órgãos da ONU com as realidades modernas” é uma tarefa muito importante.

“Refiro-me, antes de tudo, à reforma do Conselho de Segurança, onde o Ocidente está representado de forma absolutamente desproporcional. Dos 15 membros chamados de ‘bilhões de ouro’, 6 ocupam assentos no Conselho, isso é desonesto, é injusto”, denunciou.

“A dominação está acabando, é hora de caminhar para a igualdade. Se todos são a favor da democracia, então não esqueçamos que a democracia também é necessária nas relações internacionais”, acrescentou.

SITUAÇÃO NA UCRÂNIA

Comentando as acusações do Ocidente sobre supostos crimes de guerra e violações dos direitos humanitários na Ucrânia pela Rússia, Lavrov ressaltou que não tem nenhuma prova a esse respeito. Assim, em referência ao relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, que culpa a Rússia pela alegada violação dos direitos das crianças na Ucrânia, o chanceler afirmou que esse documento, como tantos outros, elaborados por organizações ligadas aos EUA, foi feito com base apenas nos dados de representantes do regime de Kiev.

“Não vejo aqui outra alternativa senão lutar pela verdade, e o faremos com base na nossa investigação objetiva, que não será influenciada por nenhuma parte interessada, sobretudo por aqueles que patrocinam o regime de Zelensky”, sublinhou.

O ministro russo enfatizou que as “crianças a que eles se referem foram evacuadas da zona de guerra e não transferidas à força”. Informou que desde fevereiro de 2022, a Rússia recebeu mais de 5 milhões de residentes da Ucrânia, dos quais mais de 700.000 são crianças.

“Mais uma vez, quero enfatizar que a grande maioria dessas crianças chegou com seus pais ou outros parentes, e apenas 2.000 são alunos de orfanatos da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk que foram evacuados junto com funcionários, professores dessas instituições, e todos eles permanecem dentro das estruturas de orfanatos”, precisou o ministro.

Também especificou que cerca de 300 crianças foram recebidas por famílias na Rússia e não foi uma adoção, mas uma tutela temporária, uma forma que foi escolhida levando em consideração que “os pais podem se

apresentar e, claro, esses pais terão todas as oportunidades de pegar seus filhos.” Assim, dezenas de crianças já regressaram às suas famílias, sublinhou o ministro, acrescentando que Moscou não esconde os nomes dos menores evacuados para a Rússia da zona de guerra.
Lavrov observou que Moscou “tem sérias dúvidas sobre a aptidão de muitos dos líderes ocidentais”, já que eles estão optando por ajudar a Ucrânia com armas às custas de seus próprios cidadãos.

Por outro lado, o ministro reiterou que as Forças Armadas russas não atacam alvos civis no território da Ucrânia, mas não deixarão impunes “reuniões” do Exército ucraniano com mercenários e generais ocidentais.

“O fato da Ucrânia usar instalações civis para realizar todo tipo de reuniões de mercenários, generais ocidentais e instrutores com seus militares é culpa da Ucrânia”, disse, assinalando que “se encontrarmos reuniões como a que aconteceu outro dia em Kramatorsk, vamos destruí-las, porque essas pessoas declararam guerra contra nós”.

Nesse contexto, o ministro das Relações Exteriores pediu aos “países da OTAN que treinam ucranianos” para prestar atenção, uma vez que “os ucranianos usam infraestrutura civil constante e regularmente para implantar suas armas pesadas”. Lavrov enfatizou que o uso de infraestrutura civil para fins militares é um crime de guerra.

Fonte: Papiro