Kherson e Nova Kakhovka estão em estado de emergência após ataque à represa da hidrelétrica de Kakhovka | Foto: Reprodução

Segundo dados preliminares, “entre 22.000 e 40.000 pessoas” estão na zona de desastre afetada pela inundação, após a destruição da barragem da hidrelétrica de Kakhovka, por bombardeio das forças de Kiev, disse o governador interino da região de Kherson, Vladimir Saldo, ao programa Solovyov Live. Bairros inteiros estão debaixo de água, há quatorze cidades na área inundada e até 80 povoados estão sob risco.

A parte superior da barragem e os equipamentos da usina hidrelétrica de Kakhovka foram destruídos por um bombardeio ucraniano na noite de 5 de junho, como denunciou a Rússia ao Conselho de Segurança da ONU na reunião de emergência de segunda-feira, levando à inundação de cidades e cultivos e pondo em risco a vida dos moradores.

Muitos moradores passaram a noite nos telhados de casas que ficaram praticamente submersas em bairros de Kherson e Nova Kakhovka, e tiveram de ser resgatados com barcos infláveis improvisados. Mais de 40 abrigos temporários foram mobilizados para abrigar as vítimas.

A evacuação de civis das áreas inundadas está sob fogo das tropas ucranianas, denunciou o dirigente local, Andrey Alekseenko. “A operação de resgate ainda está ocorrendo sob o bombardeio nazista da margem direita. As comunicações estão interrompidas em muitos lugares”, ele postou.

Moradores vêm sendo recolhidos de telhados e cercas. “Muitos lugares não podem ser alcançados agora nem mesmo com equipamentos especiais – apenas de barco”, acrescentou Alekseenko. Mais de 1.000 pessoas foram evacuadas na quarta-feira apenas de Naked Pristan, para onde se deslocou o pico da enchente.

Na própria Nova Kakhova, o nível de água tinha recuado meio metro na manhã de quarta-feira, depois de ter subido mais de dez metros em vários locais. Um dos cemitérios da cidade foi destruído e há ameaça de infecção, disse o chefe do distrito de NovoKakhova, Vladimir Leontiev.

Na avaliação dele, as áreas permanecerão inundadas por pelo menos uma semana. A destruição parcial da represa e a inundação também podem acarretar enorme dano aos milhares de granjas da região, que dependem da irrigação dos quatro canais que fluem do reservatório de Kakhova. Bem como ao fornecimento de água potável à Crimeia.

Outro perigo provém de que a torrente arrastou um grande número de minas terrestres, ameaçando causar explosões. A área no entorno da barragem de Kakhovka está cheia de minas terrestres, “que agora estão flutuando na água e representam um grande risco”, disse o diretor nacional da CARE Ucrânia, Fabrice Martin, em comunicado.

Outra “consequência catastrófica” do rompimento da barragem foi que “pelo menos 150 toneladas de petróleo foram lançadas no rio Dnipro com o risco de mais vazamento de mais de 300 toneladas”, acrescentou Martin. Campos agrícolas ao longo do Dnieper foram arrasados.

A colunista Victoria Nikiforova, da RIA Novosti, descreveu a importância da represa de Nova Kakova: O milagre da civilização, a bela usina hidrelétrica de Kakhovskaya, foi construída na década de 50 pelo povo soviético, que nem imaginava que seus próprios netos, tendo se alistado nos “ucranianos”, a atingiriam com artilharia. Foi criado pelos melhores profissionais de toda a União Soviética, lá foram utilizadas as mais recentes tecnologias, toda a cidade de Novaya Kakhovka foi construída especificamente para as necessidades da usina hidrelétrica. O aniversário da usina hidrelétrica de Kakhovskaya se tornou um feriado para todo o nosso vasto país”.

E ela conclui: “E esta obra-prima da engenharia e do trabalho humano foi martelada pela artilharia das Forças Armadas da Ucrânia por meses”.

Desde o ano passado, a Rússia expôs ao Conselho de Segurança da ONU a ameaça do regime de Kiev de explodir a represa de Kakhova – plano “testado”, como se gabou um general ucraniano nas páginas do Washington Post.

“Os líderes das forças armadas ucranianas declararam abertamente, já no ano passado, que estavam prontos para explodir a barragem para obter uma vantagem militar”, afirmou o embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia. “Alertamos a comunidade internacional sobre esta ameaça e lamentamos que não tenha sido levada em consideração”.

Nebenzia apontou que “a sabotagem deliberada que Kiev realizou contra uma instalação de infraestrutura crítica é extremamente perigosa e pode ser classificada como crime de guerra ou ato de terrorismo.”

Ele acrescentou que “ataques a instalações contendo forças perigosas são expressamente proibidos pelo direito humanitário internacional, sendo as barragens especificamente mencionadas no artigo 56 do Primeiro Protocolo Adicional às Convenções de Genebra de 1977”.

Nebenzia declarou, ainda que “o Ocidente está acostumado a fazer o trabalho sujo com as mãos de outras pessoas” e disse que tal ato “pode ser visto como uma continuação das táticas sistemáticas do regime de Kiev destinadas a intimidar a população civil”.

Ele chamou ainda de “esquizofrenia” as acusações lançadas contra a Rússia de autoria da explosão da hidrelétrica.

Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin, em telefonema ao recém reeleito presidente turco Recep Erdogan, classificou a explosão da barragem e inundação de cidades pelo regime de Kiev como “um ato bárbaro” que gerou “uma grande catástrofe ecológica e humanitária”.

Fonte: Papiro