Xi Jinping recepciona Mahmoud Abbas em Pequim | Foto: Jade Gao/AFP

China e Palestina acordaram o estabelecimento de parceria estratégica durante a visita de Estado do presidente Mahmoud Abbas a Pequim, de 14 a 16 de junho, quando foi recebido pelo presidente Xi Jiping. A China expressou também sua disposição de intermediar a paz na Terra Santa com a solução dos Dois Estados, a exemplo do que já logrou no caso da restauração de relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Ira. Uma estátua do patriarca do Estado Palestino, Yasser Arafat, foi inaugurada em Pequim.

O líder palestino agradeceu à China por apoiar os direitos inalienáveis ​​e justos do povo palestino, o pedido da Palestina de adesão plena às Nações Unidas, bem como por oferecer apoio humanitário e de desenvolvimento.

O presidente Xi, conforme relatado pela China Global Television Network (CGTN), saudou o estabelecimento de uma parceria estratégica sino-palestina como “um marco importante nas relações China-Palestina que se baseia em conquistas passadas e anuncia um futuro mais brilhante”.

Xi reiterou o firme apoio da China à justa causa do povo palestino de restaurar seus legítimos direitos nacionais. “Sempre apoiamos firmemente a causa justa do povo palestino para restaurar seus direitos nacionais legítimos”, ele disse a Abbas.

“A solução fundamental para a questão Palestina está no estabelecimento de um estado palestino independente baseado nas fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental como sua capital”, sublinhou Xi.

“Tendo encontrado mudanças globais marcantes e novos desafios no Oriente Médio, a China está pronta para fortalecer sua coordenação e cooperação com a Palestina para promover uma resolução abrangente, justa e duradoura da questão Palestina”, acrescentou Xi.

O presidente chinês disse ainda a China está disposta a continuar prestando assistência à Palestina dentro de suas próprias capacidades para ajudar a aliviar as dificuldades humanitárias e a realizar a reconstrução. Ele expressou ainda a disposição da China em desempenhar um papel positivo para ajudar os palestinos a alcançar a reconciliação interna e promover negociações de paz com Israel.

ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO DE XANGAI

O presidente Abbas também manifestou seu agradecimento à China por concordar com o ingresso da Palestina na Organização de Cooperação de Xangai (SCO) como um parceiro de diálogo pendente da aprovação dos outros estados-membros da SCO, e expressou que a SCO oferece aos povos do mundo a oportunidade equitativa de acessar o desenvolvimento longe da hegemonia e exploração.

Como parte do reforço da cooperação com a China dentro da Iniciativa do Cinturão e Rota, o presidente Abbas expressou desejo de ativar o Comitê Econômico e Comercial Conjunto China-Palestina e destacou a importância do estabelecimento de uma zona de livre comércio entre os dois países.

Comentando sobre o completo desinteresse de Israel pela paz, o presidente Abbas afirmou que o atual governo israelense extremista de extrema-direita não acredita na paz nem na realização da solução de dois estados de acordo com a lei internacional, elaborando que Israel tem prosseguido com a expansão dos assentamentos coloniais, pilhagem de terras, expulsões forçadas, promulgação de leis racistas; todos os quais são parte integrante das políticas brutais coloniais e de apartheid de Israel, de décadas contra os palestinos indígenas, destinadas a minar a Solução de Dois Estados e deslocar à força os palestinos indígenas e roubar suas terras.

Abordando a reconciliação intrapalestina, o presidente Abbas apontou que esforços ainda estavam em andamento para alcançar a reconciliação e acabar com a divisão com base no programa político da OLP e no reconhecimento da OLP como o único e legítimo representante do povo palestino, o que abriria o caminho para a formação de um governo de unidade nacional.

Ele agradeceu à China por apoiar os direitos inalienáveis ​​e justos do povo palestino, o pedido da Palestina de adesão plena às Nações Unidas, bem como por oferecer apoio humanitário e de desenvolvimento. Ele reafirmou o apoio inabalável da Palestina à política de Uma Só China, reconhecendo Taiwan como parte integrante da China, e a oposição à politização das questões de direitos humanos.

Como assinalou o jornal Global Times, porta-voz oficioso de Pequim para questões internacionais e de luta ideológica, “no contexto de uma onda de reconciliação no Oriente Médio, há uma grande expectativa sobre se esta visita trará mais esperança para a paz na região”.

“De acordo com o lado palestino, a visita de Abbas se concentrará na ‘Iniciativa de Paz Árabe’, e espera-se que a China continue desempenhando um papel maior na questão Palestina-Israel. É bem-sabido que a China tem defendido incansavelmente por uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão Palestina há muitos anos”.

A China apresentou suas próprias propostas e deu as boas-vindas aos negociadores de ambos os lados da Palestina e de Israel para manter negociações diretas na China. O aperto de mão entre a Arábia Saudita e o Irã, os “arquirrivais” no Oriente Médio, em Pequim mostrou ao mundo o grande apelo da Iniciativa de Segurança Global, registrou o GT.

Para a publicação, a questão Palestina “é o cerne da questão do Oriente Médio” e está relacionada “à paz e estabilidade da região e à equidade e justiça internacional”. “Da Segunda Guerra Mundial à Guerra Fria e depois ao século 21, o Oriente Médio passou por várias guerras e incontáveis conflitos. As baixas e as crises humanitárias causadas foram chocantes”.

O GT considerou preocupante que o processo de paz entre Palestina e Israel esteja estagnado desde o término das negociações de paz em 2014, e o “mecanismo do Quarteto” composto pelas Nações Unidas, Estados Unidos, Rússia e União Europeia tenha existido apenas no nome nos últimos anos. O jornal fez menção aos confrontos de maio de 2021, que resultaram na morte de mais de 200 palestinos, incluindo dezenas de crianças, e pelo menos 12 mortes do lado israelense, incluindo duas crianças. Com as consequências fatais do conflito se repetindo em abril e maio deste ano.

“Todos nós sabemos que Washington frequentemente fala sobre justiça e direitos humanos e adora se posicionar moralmente para acusar os outros, mas é profundamente culpado na questão Palestina”, assinalou o GT. “Como superpotência, os EUA têm desempenhado um papel muito negativo na questão Palestina. Isso não apenas impediu repetidamente que o Conselho de Segurança da ONU se manifestasse sobre essa questão, mas também favoreceu fortemente um lado, exacerbando o conflito”.

O jornal chinês também lembrou do fracasso da tentativa do governo Trump de impor um “acordo” de “paz para o Oriente Médio” – aliás cinicamente apelidado de Acordos de Abraão -, na prática a rendição dos países árabes ao reconhecimento de Israel sem a solução dos dois Estados. “Uma marca de vergonha” e não um acordo, comentou o GT.

Uma pesquisa recente mostrou que 80% dos palestinos acolhem bem a oferta chinesa para mediar o conflito Palestina-Israel, enquanto os EUA são vistos como a opção menos favorita.

Também notamos – acrescenta o GT – que alguns meios de comunicação americanos, embora mostrassem pouco interesse na questão Palestina, viam a visita de Abbas à China pelas lentes da “competição EUA-China”, alegando que a viagem sinalizava “ambições diplomáticas mais amplas” da China no Oriente Médio e tentando para retratá-lo como parte do “confronto EUA-China”.

“Este argumento não é apenas tacanho e míope, mas também mostra que, aos olhos das elites americanas, este grande evento relativo à paz, estabilidade, equidade e justiça é apenas uma ferramenta para a competição. Se algumas elites americanas se sentem “impotentes” no Oriente Médio hoje, é obviamente devido a seus próprios problemas políticos, não relacionados à China”.

“Assim como outras questões de segurança no Oriente Médio, a China não tem interesse próprio na questão Palestina e está fazendo esforços para evitar que a questão Palestina seja marginalizada nas complicadas e mutáveis situações regionais e internacionais e promover a resolução da questão com sentido da Justiça”, concluiu o GT.

Fonte: Papiro