Foto: Rodolfo Buhrer/Fotos Públicas

A mais recente projeção do PIB brasileiro para este ano, divulgada nesta quinta-feira (29) pelo Banco Central, é mais um indicativo de que o cenário econômico brasileiro inicia trajetória de recuperação. A estimativa passou de 1,2% para 2%, conforme Relatório de Inflação, publicado a cada três meses pelo BC. 

A nova previsão do crescimento é motivada, conforme aponta o documento, por “surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura”. Já para o mercado financeiro, a projeção chega a uma alta de 2,18% do PIB em 2023. 

Segundo o relatório, o crescimento de 1,9% no PIB no primeiro trimestre do ano puxou a perspectiva de melhora. Por outro lado, a instituição diz que “apesar dessa elevação, a projeção continua refletindo cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023, sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica [alta da taxa básica de juros]”. 

Vale lembrar que governo federal e diversos setores sociais e econômicos têm criticado as sucessivas decisões do próprio BC de manter a taxa Selic em 13,75% — índice que vem sendo aplicado desde agosto do ano passado, maior nível desde 2017, o que faz com que o país tenha a maior taxa de juros reais do mundo, estimada em 7,54% para os próximos 12 meses. 

No entanto, acumulam-se indicadores mostrando que a taxa já poderia ter sido baixada, o que teria contribuído diretamente para acelerar a recuperação e o desenvolvimento do país. Parte do Comitê de Política Monetária (Copom) defendeu, conforme última ata, com a possibilidade de finalmente iniciar o processo de redução na próxima reunião. 

Setores

De acordo com o relatório do Banco Central, a projeção para o setor de serviços teve alta de 1% para 1,6%, diante do bom desempenho em algumas atividades, como o transporte, “possivelmente influenciada pelo escoamento da safra de soja”, e de atividades financeiras. O BC cita ainda o comércio, que teve variação modesta mas acima da prevista, também possivelmente beneficiada pela alta na agropecuária.

Na indústria, a estimativa foi elevada de 0,3% para 0,7%, com maior crescimento da indústria extrativa e da produção e distribuição de eletricidade, gás e água. Essa última atividade saiu de uma projeção de crescimento de 0,4% para 5%, beneficiada no primeiro trimestre pela reduzida participação de usinas termoelétricas na produção total de energia elétrica, o que deve continuar acontecendo ao longo do ano, em cenário de reservatórios de hidrelétricas em níveis confortáveis e da maior oferta de energia proveniente de usinas eólicas e fotovoltaicas. 

Em sentido oposto, os segmentos da indústria de transformação e de construção sofreram recuo. Já o setor agropecuário teve sua estimativa de crescimento revisada de 7% para 10%. 

Além disso, a projeção para o consumo das famílias teve ligeira alta, de 1,5% para 1,6%; para o consumo do governo, de 0,7% para 1%, e para a formação bruta de capital fixo (investimentos) das empresas, de estabilidade para recuo de 1,8%. 

Inflação

Outro dado positivo trazido pelo relatório diz respeito à inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar este ano em 5%, no cenário com taxa básica de juros em 12,25% ao ano e câmbio em R$ 4,85. No relatório de março a projeção era 5,8%. 

O BC também projeta que a inflação deve ser de 3,4% em 2024 e de 3,1% em 2025. Nessa trajetória, a taxa Selic chega ao final de 2024 e 2025 em 9,5% e 9% ao ano, respectivamente.

O relatório destaca que a chance de a inflação oficial superar o teto da meta este ano caiu de 83% no relatório de março para 61% agora em junho. A meta para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. 

Com Agência Brasil

(PL)