Apenas a embaixada da Rússia segue funcionando em Berlim | Foto: NDTV

“Consideramos a exigência do MRE da Alemanha de fechar os consulados gerais da Rússia em Hamburgo, Leipzig, Munique e Frankfurt até 31 de dezembro de 2023, tendo como pano de fundo a decisão da Alemanha de reduzir sua presença consular na Rússia, como outra medida hostil destinada a destruir ainda mais as relações russo-alemães que têm décadas de cooperação multifacetada, rica e mutuamente benéfica”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Nesta quarta-feira (31), a Alemanha anunciou o fechamento de quatro dos cinco consulados russos no país revogando suas licenças, e assinalou que também cessará os trabalhos em seus próprios consulados em Kaliningrado, Ekaterinburgo e Novosibirsk, com o argumento de que Moscou aumentou as tensões após limitar o número de autoridades alemãs a 350 pessoas em território russo.

Moscou deixou claro que a medida hostil é destinada à destruição das relações entre a Rússia e a Alemanha.

“Recordemos a este respeito que foi o lado alemão, sob pretextos obviamente rebuscados, que recentemente iniciou expulsões em massa de nossos diplomatas, introduziu cotas para várias categorias de funcionários de missões estrangeiras e atrasou a emissão de vistos. Ao mesmo tempo, esquecendo-se da dupla disparidade a seu favor quanto ao número de efetivos de instituições estrangeiras. Nossas respostas foram puramente baseadas no princípio da reciprocidade”, assinalou o ministério em comunicado publicado em seu site.

“O lado russo rejeita categoricamente qualquer tentativa de Berlim de se absolver da culpa pela escalada que está constantemente provocando. Mais uma vez pedimos às autoridades alemãs que parem. É óbvio que Berlim, no calor de uma política hostil, está perdendo o rumo”, afirmou.

“Não pode haver dúvida em Berlim de que essas ações provocativas e mal concebidas não permanecerão sem nossa devida reação”, concluiu.

A Alemanha deixaria em operação apenas a sua embaixada em Moscou e o consulado em São Petersburgo.

SABOTAGEM AOS GASODUTOS RUSSOS

As relações entre a Rússia e a Alemanha, país que costumava ser o maior comprador de petróleo e gás russos, ficaram prejudicadas desde a operação militar especial em fevereiro de 2022 na Ucrânia, com os Estados Unidos atacando com sanções e farto fornecimento de armas ao regime de Kiev, no que conseguiu arrebanhar governo da Europa principalmente Alemanha e Inglaterra.

No mês passado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou os embaixadores da Alemanha, Dinamarca e Suécia para falar sobre a investigação “paralisada” acerca da sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 (Corrente do Norte 1 e 2) cometida em setembro de 2022.

“O MRE russo convocou os embaixadores para expressar um forte protesto a eles por não fornecerem os resultados das investigações, supostamente realizadas pelas autoridades desses países, da sabotagem contra os gasodutos Nord Stream”, disse o ministério em comunicado.

Moscou ainda acrescentou que os países mostram desinteresse em “apurar as verdadeiras circunstâncias” sobre a sabotagem, e que a inércia diante dos fatos “tenta ocultar as provas e os verdadeiros culpados” pelo crime.

“Constatou-se que esses países não estão interessados ​​em estabelecer as verdadeiras circunstâncias dessa sabotagem. Pelo contrário, eles estão atrasando e negando esforços na tentativa de ocultar os rastros e os verdadeiros autores do crime por trás do qual acreditamos estarem países bem conhecidos. Não é por acaso que versões improváveis ​​’vazadas’ [do que aconteceu] são despejadas na mídia para tentar turvar as águas”, afirmou a pasta.

O Ministério declarou ainda que continuará tentando garantir que Alemanha, Dinamarca e Suécia conduzam uma “investigação objetiva” com a participação da Rússia também.

Uma análise do jornalista norte-americano Seymour Hersh*, revelou, em fevereiro passado, que mergulhadores militares dos Estados Unidos colocaram as cargas explosivas sob os gasodutos russos em junho de 2022, durante os exercícios BALTOPS da OTAN.

Citando fontes com conhecimento direto do planejamento operacional dos ataques, Hersh acusou os militares noruegueses de detonarem os explosivos três meses depois, causando sérios danos aos oleodutos que ligam a Rússia à Alemanha no fundo do mar Báltico.

Hersh enfatizou que o presidente dos EUA, Joe Biden, deu luz verde à sabotagem após mais de nove meses de discussões secretas com sua equipe de segurança nacional.

Fonte: Papiro