Vasily Nebenzia, representante da Rússia no Conselho de Segurança da ONU | Foto: AFP

Estados Unidos e satélites ocidentais fornecem armas e são responsáveis ​​pelos ataques do governo ucraniano contra a população civil, denunciou o representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzia, durante reunião do Conselho de Segurança do órgão internacional com o tema Manutenção da paz e segurança da Ucrânia, na segunda-feira (15).

“Todas essas armas, fornecidas por membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo aqueles que estão sentados diante de nós agora, que dizem estar tão focados nas consequências humanitárias do conflito na Ucrânia, estão matando civis, mulheres e crianças todos os dias, destroem hospitais e escolas nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, nas províncias de Zaporozhya e Kherson. Todo o potencial militar da Otan está destinado a isso”, afirmou Nebenzia. Ele acrescentou que a Rússia, ao contrário da Ucrânia, não está em guerra com a população civil.

A viagem de Zelensky nos últimos dias a vários países da Europa teve como resultado a entrega da Alemanha aos ucranianos de um enorme pacote de armas, com blindados, drones, tanques, sistemas de defesa antiaérea, canhões e munições. No sábado (13), o governo alemão anunciou que prepara um novo plano bélico destinado a Kiev no valor de US$ 2,95 bilhões (R$ 14,5 bilhões).

A França por sua vez prometeu dezenas de tanques leves e veículos blindados adicionais para a Ucrânia, nesta segunda-feira, após reunião do presidente Emmanuel Macron com Zelensky, em Paris.

KIEV USA MÉTODOS TERRORISTAS

O diplomata destacou que “com a conivência dos patrões ocidentais, Kiev não despreza os métodos abertamente terroristas”, e mencionou a explosão na ponte da Crimeia em outubro de 2022, os ataques perpetrados contra figuras públicas russas proeminentes, incluindo os assassinatos do correspondente de guerra Vladlen Tatarski e a jornalista Daria Dugin, bem como a explosão do carro em que viajava o escritor e ativista russo Zakhar Prilepin.

Ressaltando na lista de casos de ataques ucranianos contra civis, Nebenzia apontou o bombardeio de Donetsk no final de abril, que deixou nove civis mortos, incluindo uma menina de oito anos, além do ataque a uma Catedral onde se celebrava a missa na Páscoa ortodoxa. Segundo o diplomata, os dois ataques usaram projéteis fabricados na Eslováquia. “E o compromisso deles com a proteção dos civis? Ou eles são civis equivocados?”, perguntou aos representantes ocidentais na reunião do Conselho.

“Como os residentes da França, dos Estados Unidos e de outros países podem suportar isso?”, questionou. “Como o secretário-geral [da ONU] e os representantes de outras organizações internacionais podem manter silêncio sobre isso?”

O diplomata também levantou a questão da pressão que o Ocidente exerce sobre os países em desenvolvimento que adotaram uma postura neutra no conflito ucraniano. “Temos certeza de que eles estão fartos de justificar cada passo ou palavra com apelos à paz. Outro dia [a ministra das Relações Exteriores da Alemanha] Annalena Baerbock disse que possíveis suprimentos de armas para a Rússia de terceiros países são inaceitáveis, porque podem ser equiparados a participação no conflito. Mas e o fato de que toda a máquina de guerra ocidental está agora trabalhando para manter a guerra? É outra admissão franca de envolvimento direto do Ocidente no conflito”, afirmou.

O representante permanente russo enfatizou que a “solidariedade” ocidental com a Ucrânia “não é gratuita”. “A dívida externa do país aumentou em 2022 para uma cifra recorde de $132 bilhões de dólares, 89% do PIB. Segundo as previsões, até o final deste ano aumentará para 100%. Fabulosas somas de dinheiro fornecidas à Ucrânia no âmbito do FMI e da União Europeia, assim como de Washington, obrigam o país a contrair dívidas”, disse Nebenzia. Ele acrescentou que o fundo de investimento BlackRock, com sede em Nova York, açambarcou o controle de setores-chave da economia ucraniana sob o pretexto da atração de investimentos estrangeiros.

Fonte: Papiro