Ruralistas incitam violência contra MST em Itapetinga/BA
Durante a 51ª Exposição Agropecuária do município de Itapetinga, na Bahia, foram penduradas faixas de ataques ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). O episódio se soma a mais uma tentativa do agronegócio de atingir o movimento, assim como acontece em Brasília, com a estapafúrdia Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tem como presidente o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), investigado pela Polícia Federal por envolvimento e patrocínio dos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro.
As faixas reproduziam frases como: “O MST espalha terror”, “O MST cultiva destruição”, entre outras infames colocações.
Em nota o MST repudiou os ataques denunciou “utilização de recursos públicos em eventos cujo objetivo e práticas são a incitação à violência, utilização dos artifícios de fake news e discriminação dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.” Confira a íntegra da nota ao final.
Realizada pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Itapetinga, a feira conta com diversos apoios, entre eles o da Prefeitura, órgãos como o Senar, Faeb, governo federal, Governo da Bahia e Instituto Federal Baiano.
Para o movimento, o agronegócio e os latifundiários da região de Itapetinga, uma das regiões da Bahia com grande concentração fundiária, agem dessa forma para estabelecer uma “cortina de fumaça” e esconder:
- desmatamento causado pelos latifúndios;
- grilagem de terra;
- violência no campo;
- uso de mão de obra análoga à escravidão;
- destruição e contaminação pelo uso de agrotóxicos.
Feira da Reforma Agrária
Enquanto os ruralistas do agronegócio se preocuparam em utilizar a feira para disseminar ódio ao invés de realizarem negócios durante o evento que ocorreu até o último domingo (21), o MST ao realizar a sua Feira Nacional da Reforma Agrária doou, no fim de semana anterior à feira de Itapetinga, 25 toneladas de alimentos saudáveis para 20 entidades sociais da grande São Paulo.
O Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, recebeu simbolicamente os alimentos – um exemplo de paz e solidariedade ao realizar um evento, diferente do que fizeram os ruralistas na Bahia.
Nota do MST
O MST, por meio desta nota, repudia com veemência os ataques feitos pelos organizadores da 51ª Exposição Agropecuária do município de Itapetinga/BA, através da exposição de faixas com conteúdos discriminatórios e preconceituosos que banalizam e incitam a violência contra os trabalhadores/as do campo, na tentativa vil de deslegitimar a luta do Movimento Sem Terra, expostas no evento.
O evento que ocorre no município de Itapetinga/BA, na região do sudoeste baiano, teve seu início no dia 12/05, com programação que vai até o próximo domingo (21). A Exposição Agropecuária de Itapetinga é realizada pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Itapetinga, com apoio da Prefeitura Municipal, e de órgãos como o Senar, Faeb, governo federal, Governo da Bahia, Instituto Federal Baiano, entre outros.
A Direção Nacional do MST repudia e denuncia a utilização de recursos públicos em eventos cujo objetivo e práticas são a incitação à violência, utilização dos artifícios de fake news e discriminação dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
O município de Itapetinga/BA está localizado numa das regiões da Bahia com grande concentração fundiária, muitas com práticas de trabalho escravo, e palco de diversos conflitos agrários. Portanto, o agronegócio e os latifundiários buscam como estratégia deslegitimar a luta das organizações do campo pela Reforma Agrária, como cortina de fumaça omitir as reais mazelas da região: como o crescente desmatamento causado pelos latifúndios para criação de gados, grilagem de terra, violência no campo, uso de mão de obra análoga à escravidão, destruição e contaminação dos bens naturais pelo uso de agrotóxicos utilizados nas lavouras e na agropecuária, que acabam chegando na casa da população baiana.
Temas que deveriam ser expostos no evento
O MST, que caminha rumo aos seus 40 anos, levanta a bandeira histórica de combate à concentração de terras, à sonegação de impostos e a transformação da terra em mercadoria, os principais causadores das desigualdades e flagelos sociais que assolam as famílias camponesas no Brasil.
Defendemos o cumprimento da Constituição Federal de 1988 na sua integralidade, inclusive no que diz respeito ao cumprimento da função social da propriedade. Tal princípio atende a critérios produtivos, ambientais e trabalhistas e devem ser combinados. As famílias Sem Terra acampadas realizam a luta digna por terra, teto e trabalho, direitos assegurados na Constituição.
Seguiremos em luta pela Reforma Agrária e pela transformação social na Bahia e no Brasil!
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST