Os fluxos migratórios estão relacionados à usurpação dos recursos dos povos, avalia o Papa | Foto: Tiziana Fabi/AFP

O Papa Francisco pediu aos países respeito pela dignidade dos migrantes, afirmando que devem “governar os fluxos da melhor forma possível, construindo pontes e não muros, ampliando os canais para uma migração segura e regular”, na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que foi publicada na quinta-feira (11).

No momento em que milhares de pessoas se aglomeram na fronteira do México com os Estados Unidos enfrentando uma severa repressão, Francisco defendeu que a emigração “possa ​​ser fruto de uma decisão livre” e não forçada por guerras e pobreza, enquanto advoga por “ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante”.

“É preciso um esforço conjunto de cada um dos países e da comunidade internacional para que seja garantido a todos o direito de não emigrar, ou seja, a possibilidade de viver em paz e com dignidade na sua própria terra”, explicou o pontífice.

“É claro que a principal tarefa corresponde aos países de origem e aos seus governantes, chamados a exercer uma política boa, transparente, honesta, com uma visão ampla e ao serviço de todos, especialmente dos mais vulneráveis”, acrescentou.

“Esses, porém, devem ser colocados em condições de fazer isso, sem encontrarem-se depredados em seus próprios recursos naturais e humanos e sem ingerências externas criadas para favorecer os interesses de poucos.

“Para parar as migrações forçadas”, prosseguiu, “é necessário o empenho de todos, cada um segundo suas responsabilidades. Um compromisso que começa com a pergunta sobre o que podemos fazer, mas também sobre o que deixamos de fazer”.

“Onde quer que decidamos construir o nosso futuro, no país onde nascemos ou noutro qualquer, o importante é que haja sempre uma comunidade disposta a acolher, proteger, promover e integrar todos, sem distinção e sem deixar ninguém de fora”, assinalou.

USURPAÇÃO DOS RECURSOS

O líder católico apontou que as perseguições, as guerras, os fenômenos naturais extremos e a miséria estão entre as causas mais “visíveis” por trás do movimento migratório e que muitas pessoas fogem por conta da “pobreza, do medo e do desespero”.

Por isso, cobrou que sejam encerradas “a corrida por armamentos, o colonialismo econômico, a usurpação dos recursos dos outros e a devastação da nossa casa comum”.

E advertiu que “nos casos em que as circunstâncias permitam escolher entre migrar ou permanecer, deve-se também garantir que essa decisão seja informada e ponderada, para evitar que tantos homens, mulheres e crianças sejam vítimas de ilusões perigosas ou de traficantes sem escrúpulos”.

Desde terça-feira (09), dias antes da declaração de Francisco, centenas de soldados norte-americanos foram deslocados para a fronteira sul dos Estados Unidos, enquanto o governo Biden avançava com planos de realizar expulsões em massa de migrantes que entram no país, com o término da vigência do chamado Título 42 da saúde pública imposto por Donald Trump, que não pode mais ser usado porque a epidemia oficialmente acabou, passando a valer o Título 8 deste governo, ainda mais rigoroso.

Falando em uma coletiva de imprensa em Brownsville, o chefe do Departamento de Segurança Interna (DHS), A. Mayorkas, disse que “estaremos usando nossas autoridades de remoção aceleradas sob o Título 8 do código dos EUA”. Todos os removidos sob o Título 8 “serão proibidos de entrar nos EUA por cinco anos e, se tentarem entrar antes disso, estarão sujeitos a processo criminal”, acrescentou. A fronteira “não está aberta”.

Fonte: Papiro