A venezuelana Citgo tem postos de abastecimento espalhados pelos EUA | Foto: Reprodução

Em comunicado conjunto, vários países latino-americanos e caribenhos se manifestaram contra a pretensão do governo dos Estados Unidos de expropriar a empresa venezuelana Citgo Petroleum Corporation, filial da estatal PDVSA, à oposição ao presidente Nicolás Maduro. Com sede nos EUA, a empresa é avaliada em mais de US$ 8 bilhões, possui mais de 10.000 bombas de gasolina no país e é considerada o ativo venezuelano mais valioso no exterior.

Para o mecanismo de integração continental, é “imoral e ilegal” a ação do governo Joe Biden, que age por meio da “licença geral ilegítima 42”, emitida em 1º de maio pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro, de entregar uma empresa venezuelana com sede nos Estados Unidos. Com a decisão do Tesouro norte-americano, além de ficar autorizada a negociar dívidas e ativos, a oposição a Maduro poderia vender a estatal.

Estados membros da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP), Cuba, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, Santa Lucía, San Cristóbal e Nieves, San Vicente e Granadinas denunciaram a intervenção como uma nova agressão contra o povo e o governo venezuelanos.

Segundo o comunicado, são medidas coercitivas unilaterais impostas pela administração estadunidense que, por ameaçarem a soberania da Venezuela, necessitam ser repudiadas pelo conjunto da comunidade internacional, que deve se pronunciar pelo levantamento imediato das mesmas. Ao mesmo tempo, a aliança manifestou seu respaldo a todas as medidas legais adotadas pelo governo da Venezuela no sentido de assegurar seus ativos no exterior.

O presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, explicou que a doação da petrolífera Citgo a um setor da oposição é “um roubo descarado de uma empresa que dá anualmente mais de um bilhão de dólares em lucros, que acumula há pelo menos quatro anos sem que sejam entregues ao país como resultado do sequestro perpetrado por Donald Trump”.

“Agora o governo dos EUA emitiu uma resolução entregando a empresa venezuelana Citgo a um pessoal da oposição, da Plataforma Unitária da Venezuela, para que vendam e façam o que bem queiram. É uma resolução indigna, que é uma mensagem direta de intervenção. Decidiram entregar a Citgo a um grupo de gente desconhecida, que ninguém conhece e que vive no exterior”, protestou o presidente venezuelano.

Maduro citou a recente Conferência Internacional sobre a Venezuela realizada no dia 25 de abril, em Bogotá, lembrando que os representantes dos países participantes defenderam o levantamento das medidas coercitivas impostas contra o país sul-americano. “Esta decisão do governo dos Estados Unidos é uma zombaria e um tapa na cara da Conferência Internacional de Bogotá e o pedido quase unânime de levantar as sanções contra a Venezuela”, enfatizou.

“O dono dessa empresa é o povo da Venezuela, através da PDVSA, e o que o governo Joe Biden está fazendo é um dos maiores roubos, um dos maiores saques que já existiu contra qualquer nação do mundo”, acrescentou Maduro.

Em 2019, o governo dos EUA passou a reconhecer o ex-deputado Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela e repassou a direção da Citgo aos seus aliados.

Fonte: Papiro