Ministério Público passa a investigar usuários do Simulador de Escravidão
O Google e a Magnus Games – que desenvolveu o game Simulador de Escravidão – não serão os únicos investigados por crime de ódio e racismo. De acordo com a promotora Maria Fernanda Pinto, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também vai apurar a responsabilidade de usuários.
O alvo é identificar jogadores que postaram comentários racistas e discriminatórios em avaliações do game na loja virtual Play Store. Segundo o MP-SP, esses usuários podem ser responsabilizados criminalmente. O jogo foi retirado da loja em 24 de maio após ser alvo de dez representações e virar assunto nacional.
“O que chama atenção são as pessoas que baixaram e comentaram, com aspectos muito reprováveis de um racismo muito escancarado – e comentários indefiníveis em termos de gravidade e horror, que ferem qualquer parâmetro de civilização. Esse tipo de coisa travestido de entretenimento é ainda pior”, declarou Maria Fernanda. “A falha da plataforma evidentemente teve porque o aplicativo foi para o ar.”
Com mais de mil downloads e 70 avaliações desde abril de 2023, o game reproduz a lógica das condições de trabalho do período colonial, quando milhões de africanos foram trazidos à força à América e escravizados. Segundo o G1, “o programa simulava que pessoas negras poderiam ser castigadas ao longo das partidas”.
Os usuários tinham a opção de jogar como “proprietário de escravos” na modalidade “tirana”, lucrando com o regime e reprimindo violentamente fugas e rebeliões. O game suscitou uma onda de “discursos de ódio”. “Nos comentários, algumas pessoas reclamavam de poucas possibilidades de agressão”, relatou o G1.
O caso está sob investigação do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) do MP, que apura circunstâncias em que o game foi liberado pelo Google. O Ministério Público quer saber se o jogo passou por “análise humana no processo” ou se foi aprovado automaticamente.