Lula volta a defender reforma no Conselho da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU e o diálogo em busca da paz para a Guerra na Ucrânia em discurso feito neste domingo (21), durante sessão de trabalho da cúpula estendida do G7, em Hiroshima, no Japão, cujo tema foi “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”.
Estavam presentes na reunião, entre outras autoridades, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Após a sessão, Lula se encontrou com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Na sessão, o presidente defendeu a paz e disse que o Conselho de Segurança da ONU “encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime”.
Lula também defendeu uma saída para a Guerra na Ucrânia baseada no diálogo e declarou: “repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares”.
O presidente lembrou que tem “repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz. Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações”.
O presidente também citou outros conflitos que afligem povos pelo mundo e que também exigem solução. “Israelenses e palestinos, armênios e azéris, cossovares e sérvios precisam de paz. Yemenitas, sírios, líbios e sudaneses, todos merecem viver em paz. Esses conflitos deveriam receber o mesmo grau de mobilização internacional”, afirmou, apontando também que no caso do Haiti, “precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia”.
Após falar sobre tais conflitos, Lula destacou que “o hiato entre esses desafios e a governança global que temos continua crescendo. A falta de reforma do Conselho de Segurança é o componente incontornável do problema”.
Ao tratar do posicionamento do Brasil na região, Lula pontuou que o país “vive em paz com seus vizinhos há mais de 150 anos. Fizemos da América Latina uma região sem armas nucleares. Também nos orgulhamos de ter construído, junto com vizinhos africanos, uma zona de paz e não proliferação nuclear no Atlântico Sul”.
E acrescentou: “Testemunhamos a emergência de uma ordem multipolar que, se for bem recebida e cultivada, pode beneficiar a todos. A multipolaridade que o Brasil almeja é baseada na primazia do direito internacional e na promoção do multilateralismo”.
O presidente finalizou salientando ainda a importância da cooperação entre países, com respeito às diferenças e defendeu o rompimento da “lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações”.
Reunião com Guterres
Após a sessão, o presidente Lula se encontrou por cerca de meia hora com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Novamente, o tema girou em torno da busca pela paz para a Guerra na Ucrânia e a necessidade de haver uma reforma no Conselho de Segurança do órgão.
Segundo o Palácio do Planalto, ambos concordaram “quanto à necessidade de uma reforma do sistema financeiro internacional, tanto para prevenir futuras crises sistêmicas quanto para ajudar nações em desenvolvimento”.
Além disso, Guterres afirmou que foros internacionais como o G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia, têm uma grande contribuição a dar. No fim de 2023, o Brasil passará a ocupar a presidência do grupo.
Outro ponto destacado da reunião girou em torno da questão ambiental. Conforme noticiado pelo governo brasileiro, o secretário-geral da ONU demonstrou apoio à iniciativa brasileira para formar um grupo de cooperação com os países que possuem grandes florestas: as nações amazônicas, a Indonésia e a República Democrática do Congo. Neste sentido, Lula mencionou a Cúpula da Amazônia, que será realizada em agosto, em Belém (Pará), e também destacou o enorme potencial que o Brasil possui para a transição energética.
Com informações do Palácio do Planalto e Agência Brasil