A edição 2023 da Feira Literária das Periferias (Flup) vai reverenciar dois homens negros que figuram entre os maiores nomes da literatura brasileira e em língua portuguesa,  Machado de Assis e Lima Barreto, e uma mulher negra referência nas religiões afro-brasileiras, Mãe Beata de Iemanjá. A data escolhida para o evento, 13 de maio, é cheia de simbolismos: além de marcar a abolição da escravidão no Brasil, é o dia em que Barreto nasceu, em 1881, e data de celebração dos pretos e pretas-velhas na Umbanda. 

Com o tema “Mundo da palavra, palavra do mundo”, a programação da Flup 23 terá concentração na Ladeira do Livramento, região da Providência, considerada berço da favela, do samba, da literatura e das culturas afro-brasileiras no geral. É também o local de nascimento de Machado de Assis.

Durante a feira, será lançado o livro “Quilombo do Lima”, que reúne 22 autores negros em torno da obra do escritor. Haverá ainda atrações como mesa de debate com Gilberto Gil e Haroldo Costa e homenagem à Mãe Beata de Iemanjá, que reunirá a jornalista Flávia Oliveira e mais de 20 Iyalorixás, além de show de encerramento com a cantora e compositora Leci Brandão, deputada estadual do PCdoB-SP, entre outras atrações.

Segundo Julio Ludemir, diretor-fundador da Flup, a feira será uma “celebração para evocar os pretos e pretas-velhas ancestrais, pedindo licença para incluir Lima e Machado, e festejar também os mais velhos e mais velhas que com sua obra e genialidade continuam hoje a nos ensinar o que é o Brasil”. 

A porta-voz da Flup, Daniele Salles, destacou que “com Mãe Beata, a Flup quer chamar atenção para a força da cultura oral afro-brasileira, que se desdobra em outras escritas e literaturas e chega até aos slams, a poesia falada. Com Mãe Beata, queremos dar a importância devida ao modo como iyalorixás e babalorixás passam conhecimento e sabedoria para seus filhos e filhas”. 

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(PL)