No voo inaugural do C919, passageiro fotografa comissária com seu cartão de embarque do 1º voo | Foto: BBC

A aeronave C919, primeiro avião a jato de grande porte de passageiros desenvolvido e produzido na China, completou com sucesso seu voo comercial inaugural neste domingo (28).

Fabricado pela China Commercial Aircraft Co. ou simplesmente COMAC, a aeronave C919 é uma prova importante da capacidade de inovação na indústria manufatureira de ponta do país.

O voo inaugural do C919 partiu às 10h32 do Aeroporto Internacional de Xangai Hongqiao e pousou no Aeroporto Internacional da capital Pequim às 12h31, transportando cerca de 130 passageiros.

“Mais de 20 anos atrás, ouvi muitas pessoas no campo da aviação falando sobre seu sonho de fazer um grande avião. Estou muito animado por ser um dos primeiros passageiros a voar no C919”, disse o professor Shi Ding ao Global Times na hora do embarque.

“Tenho observado de perto o desenvolvimento do C919 há anos. Como um fã da aviação, estou muito orgulhoso de que a China agora tenha uma indústria de fabricação de aeronaves tão avançada”, disse Shi que chegou ao aeroporto de Xangai se juntando a cerca de 500 pessoas presentes na cerimônia inaugural.

De acordo com a fabricante COMAC, “a aeronave tem uma configuração que pode comportar de 158 a 192 lugares, com uma autonomia de voo que vai de 4.075 a 5.555 quilômetros”.

“Incorpora as características de segurança, eficiência econômica, conforto e respeito pelo ambiente, que podem satisfazer os diferentes requisitos operacionais das companhias aéreas”, acrescenta a fabricante.

VOO CONFORTÁVEL

“Com um design aerodinâmico, um sistema de propulsão e materiais avançados, o avião C919 tem menos emissões de carbono e maior eficiência de combustível. A cabine de pilotagem está equipada com uma nova geração de barras laterais integradas, cinco telas HD de 15,4 polegadas, e o design avançado pode reduzir eficazmente a carga de trabalho do piloto”, afirma a empresa.

A cabine do C919 tem uma altura de corredor de 2,25 m, um design humanizado com o assento do meio ligeiramente mais largo do que os assentos de ambos os lados, vários modos de iluminação situacional, baixo nível de ruído e ar fresco saudável, o que proporciona aos passageiros uma experiência de voo mais confortável, completou a COMAC.

Mais de 1.200 unidades do C919 já foram encomendadas, superando informes anteriores que indicavam que a empresa planejava construir 150 aviões por ano nos próximos cinco anos.

Um relatório de previsão de mercado divulgado pela COMAC em 2021 previu que o mercado de aviação da China receberá 9.084 aeronaves de passageiros com mais de 50 assentos nos próximos 20 anos, com um valor de cerca de US$ 1,4 trilhão. Acredita-se que uma cadeia da indústria aeronáutica de um trilhão de dólares está ganhando força com a comercialização do C919, segundo a empresa.
O projeto C919 foi lançado em 2007 e completou seu primeiro voo de teste em 2017. Em 29 de setembro de 2022, obteve o Certificado de Tipo da Administração da Aviação Civil da China, órgão regulador do setor de aviação do país.

AVIAÇÃO COMERCIAL

“Com base nos preparativos completos anteriores, o voo inaugural foi um novo ponto de partida para a aviação da China”, disse Li Yangmin, vice-presidente da China Eastern Airlines Corp., uma das cinco principais companhias aéreas chinesas em linhas domésticas e internacionais com sede em Xangai, na cerimônia inaugural realizada no domingo.

Li disse que a companhia aérea aproveitará esta operação comercial como uma oportunidade e se esforçará para atender à demanda do mercado com suprimentos de alta qualidade, permitindo que pessoas na China e até mesmo em todo o mundo usem o avião.

Especialistas chineses disseram que o desenvolvimento comercial é de grande importância para a fabricação de equipamentos da China, já que a indústria de fabricação de aeronaves civis é um símbolo da força tecnológica e industrial de um país.

“Para a indústria do setor, a aviação comercial da China deve ter seu próprio lugar no mundo, não apenas em termos de tamanho de mercado e potencial de desenvolvimento, mas também de fabricação de equipamentos”, disse Wang Ya’nan, editor-chefe da revista Conhecimento Aeroespacial (Aerospace Knowledge) de Pequim ao Global Times. “Devemos ter nossa própria capacidade de fabricação de aeronaves regionais e grandes aviões comerciais”, observou.

“Prevê-se que o C919 ainda enfrentará muitas dificuldades em meio a um cenário político internacional em mudança, e as dificuldades podem ser ainda maiores do que o esperado. Como um projeto estratégico da indústria de aviação nacional da China, o objetivo do C919 não vacilará”, disse Wang, afirmando que a China mobilizará e reunirá todas as suas pesquisas científicas e recursos industriais para levar este projeto a um fim bem-sucedido.

“Para um país como a China, que está sob enorme pressão de desenvolvimento, não temos outra escolha a não ser enfrentar as dificuldades”, observou Wang.

Há planos de futuro avião de maiores proporções, o CR919, com turbinas produzidas na Rússia.

Fonte: Papiro