Instalação da Micron em Xangai | Foto: Reprodução

O Escritório de Revisão de Segurança Cibernética da China anunciou no final de semana que a Micron Tecnologies, a maior fabricante norte-americana de chips de memória, foi reprovada na revisão de segurança cibernética de seus produtos e que os operadores de infra-estrutura de informação crítica chineses teriam de parar de comprá-los por serem “um grande risco à segurança nacional”.

O anúncio foi recebido com histeria em Washington que, aliás, já proibiu extensamente produtos de empresas chinesas de tecnologia, da Huawei à TikTok, alegando exatamente “questões de segurança nacional”.

Em comunicado, um porta-voz do Departamento de Comércio dos EUA disse que se tratava de uma “incursão e ataque” a empresas americanas, restrições que “não têm base de fato” e que levariam a “distorções do mercado de chips de memória”.

Na verdade – como registrou o Global Times -, “essas palavras são apenas as frases usadas para descrever as ações dos EUA ao minar o livre comércio nos últimos anos. Mas a China não é os EUA e não aprenderá maus comportamentos de Washington”.

A decisão de banir os produtos da Micron foi tomada após uma investigação de sete semanas pela Administração Geral de Alfândegas da China e uma revisão de segurança de rede conduzida pelo Escritório de Revisão de Segurança Cibernética (CRO) da China, nos termos da lei, acrescenta o GT.

“A revisão constatou que os produtos da Micron têm sérios riscos de segurança de rede, que representam riscos de segurança significativos para a cadeia de fornecimento de infraestrutura de informação crítica da China e afetam a segurança nacional da China. De acordo com leis e regulamentos como a Lei de Segurança Cibernética do país, os operadores de infraestrutura de informação crítica na China devem parar de comprar produtos da Micron”.

Sobre o alcance da decisão, os EUA mostram certo “desconforto e insegurança”, avaliou o GT, que considerou que isso “ocorre principalmente porque eles adotaram muitas atitudes inescrupulosas conta a China e sabem bem o que significa atacar empresas sob o pretexto de ‘segurança nacional’”. Daí ficarem se lamuriando contra a “retaliação”.

O Global Times registra que, sim, é a primeira vez que o órgão regulador conduziu uma revisão de uma empresa estrangeira, mas a Micron não é a primeira empresa a passar por tal processo, como visto inclusive, no ano passado, com gigantes chinesas da alta tecnologia, como a Didi.

“O chamado ‘empresas estrangeiras de alvo’ simplesmente não é verdade”, sublinhou o GT. “A única coisa que mostra é que, com a melhoria gradual do sistema regulatório da China, todas as entidades do mercado devem cumprir as leis chinesas em suas atividades comerciais. Não se trata de segmentar empresas específicas. Não haverá discriminação com base nas diferentes “identidades” da empresa, nem ninguém será alvo ou tratamento especial”.

Como um dos maiores fabricantes mundiais de armazenamento de semicondutores e produtos de imagem, há muito se diz que os produtos da Micron na China apresentam riscos de segurança cibernética, destacou o GT.

Além disso – acrescenta o jornal -, “a Micron sempre foi conhecida no setor por suas ‘táticas competitivas agressivas’ e foi acusada de desempenhar um papel de instigação na repressão dos EUA à tecnologia chinesa, além de ser a empresa norte-americana que mais golpes lançou empresas chinesas de chips”.

Indo direto ao ponto, o GT afirmou que “a própria Micron sabe claramente se cooperou com Washington para exportar produtos inseguros para a China, e isso sem dúvida determinará seu futuro no mercado chinês”.

O GT classificou como reducionismo ver na questão apenas a escalada da guerra tecnológica. “Superficialmente, pode parecer assim: no passado, os EUA sempre tomaram a iniciativa de atacar na área de semicondutores, enquanto a China estava constrangida e sujeita ao controle de outros; agora, a China tomou medidas contra a Micron, demonstrando sua capacidade de revidar. No entanto, é preciso dizer que a realidade não é assim”.

A chamada “segurança nacional” dos EUA – enfatizou o GT – é “uma supressão unilateral e antimercado da tecnologia da China, enquanto a revisão de segurança da Micron pela China é proteger efetivamente seus próprios interesses de segurança. A natureza dos dois é completamente diferente”.

A publicação chinesa lembrou, ainda, que quando a China começou a revisar a Micron, a Casa Branca exigiu que o governo sul-coreano proibisse os fabricantes de chips sul-coreanos de preencher a lacuna deixada pela Micron no mercado chinês. É assim que age o hegemonista.

Ao longo dos anos, enfrentando a estratégia de “jardim pequeno, cerca alta” de Washington e sua pressão pela “dissociação”, a China aderiu consistentemente a um alto nível de abertura e apoiou uma ordem econômica global aberta e inclusiva, apontou o GT. “Isso compensou consideravelmente o impacto negativo causado por Washington e estabilizou bastante as cadeias industriais e de suprimentos globais”.

Fonte: Papiro