Wang Wenbin, porta-voz do Ministério do Exterior da China | Foto: Xinhua

Em resposta ao belicoso comunicado final da cúpula do G7 de Hiroshima, a China afirmou que “jamais aceitará as chamadas regras imposta por poucos”, rechaçou a interferência nas questões internas chinesas e apontou que o bloco faz é “impedir a paz internacional, minar a estabilidade regional e restringir o crescimento de outros países”. Pequim também expressou sua forte insatisfação ao Japão, anfitrião do G7.

O G7 faz afirmações altissonantes sobre “promover um mundo pacífico, estável e próspero”, mas o que faz é “impedir a paz internacional, minar a estabilidade regional e frear o desenvolvimento de outros países”, afirma o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, na noite de sábado (20).

A China acusou o grupo de seguir políticas “América em primeiro lugar” e tentar impor sua vontade a outros. “Isso simplesmente mostra o quão pouco a credibilidade internacional significa para o G7”, disse o comunicado. A comunidade internacional não permitirá que o G7 liderado pelos Estados Unidos domine os assuntos mundiais, nem se alinhará com as regras pró-ocidentais impostas pelo grupo, acrescentou.

Já se foi o tempo em que um punhado de países ocidentais podia se intrometer deliberadamente nos assuntos internos de outros países e manipular os assuntos globais. Formado pelas potências coloniais e imperiais (Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália e Japão), o G7 é visto como um clube privé – mas decadente – de países ricos.

“Quanto à ‘coerção econômica’, as maciças sanções unilaterais e os atos de ‘dissociação’ e interrupção das cadeias industriais e de suprimentos fazem dos EUA o verdadeiro coersor que politiza e arma as relações econômicas e comerciais”.

Em resposta à sinalização do G7 de ‘arsenal nuclear acelerado’ da China, o MRE chinês declarou que a China está firmemente comprometida com uma estratégia nuclear defensiva e honra sua promessa de ‘não usar primeiro’ armas nucleares e sempre manteve suas capacidades nucleares no nível mínimo exigido pela segurança nacional. A posição da China é honesta e não deve ser distorcida ou manchada, advertiu.

No comunicado ditado por Washington, a cúpula do G7 assacou contra Pequim acusações que vão do “roubo de tecnologia” e “coerção econômica” a “abusos dos direitos humanos” e “tentativa unilateral de mudar pela força” o status de “Taiwan”.

“ASSUNTOS INTERNOS DA CHINA”

Pequim respondeu dizendo que “assuntos relacionados a Hong Kong, Xinjiang e Tibete são assuntos puramente internos da China” e advertindo o G7 por colocar em risco a paz na região ao fornecer “apoio às forças separatistas ditas de ‘independência de Taiwan’”.

“Apesar das sérias preocupações da China, o G7 usou questões relacionadas à China para difamar e atacar a China e interferir descaradamente nos assuntos internos da China”, acrescenta o Ministério, reiterando que Taiwan é parte integrante da China, e a resolução da questão de Taiwan deve ser determinada pelo povo chinês.

“O princípio de Uma Só China é a âncora sólida para a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan. O G7 continua enfatizando a paz através do Estreito, mas não diz nada sobre a necessidade de se opor à ‘independência de Taiwan’. Na verdade, isso constitui conivência e apoio às forças de ‘independência de Taiwan’ e resultará apenas em um sério impacto na paz e estabilidade através do Estreito”, disse o porta-voz.

Assuntos relacionados a Hong Kong, Xinjiang e Tibete são assuntos puramente internos da China. A China se opõe firmemente à interferência de qualquer força externa nesses assuntos sob o pretexto dos direitos humanos. O G7 precisa parar de apontar dedos para a China em Hong Kong, Xinjiang e Tibete e dar uma boa olhada em sua própria história e histórico de direitos humanos, observou o comunicado.

Em relação à situação no Mar da China Oriental e no Mar da China Meridional, Wang instou os países relevantes a respeitar genuinamente os esforços dos países da região para manter a paz e a estabilidade e abster-se de usar questões marítimas para semear a discórdia.

As decisões tomadas na cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, visam conter a China e a Rússia em meio ao confronto contínuo com o Ocidente, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no sábado.

“Olhe para as decisões sendo discutidas e tomadas hoje em Hiroshima na Cúpula do G7 que visam a contenção dupla da Rússia e da República Popular da China”, afirmou Lavrov em uma assembleia do Conselho de Política Externa e Defesa. Ele apontou para a “fase de confronto agudo com o bloco agressivo composto pelos Estados Unidos, a União Europeia e a OTAN”.

“Washington usou a crise ucraniana para consolidar seu campo, podemos ver isso. Mas essa consolidação é mais como uma subjugação total de todos os outros à sua vontade”, observou Lavrov.

Ao mesmo tempo – apontou -, está surgindo uma “linha de fratura” entre o Ocidente coletivo, por um lado, e os países do Sul e do Leste Global, que compreendem a maioria global. Ele acrescentou que os países do Sul Global estavam prontos para “resistir ao ditame” do Ocidente.

Desde que a Rússia iniciou sua operação especial pela desnazificação e desmilitarização da Ucrânia, para barrar a anexação da Ucrânia pela OTAN e a limpeza étnica no Donbass, já são dez pacotes de sanções contra a Rússia, na tentativa de destruir sua economia e enfraquecer o país. Sanções cujas consequências afetam toda a economia global, especialmente, como bumerangue, aos que as decretaram.

Para observadores, a própria escolha de Hiroshima – o alvo do crime supremo de genocídio nuclear, cometido pelos EUA em agosto de 1945 para chantagear a URSS e dar início à Guerra Fria – para palco do G7 e referências explícitas a “ameaças nucleares”, e com Biden se negando a pedir desculpas ao povo japonês, são expressão da delirante insensatez de Washington.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos países do G7 que se abstenham de dividir o mundo em blocos no estilo da Guerra Fria alinhados com os EUA ou a China. Enquanto isso, os líderes ocidentais fizeram da Rússia e da China o foco de uma declaração conjunta sobre armas nucleares.

Falando ao Kyodo News do Japão em paralelo ao G7, Guterres pediu “diálogo ativo e cooperação” entre as nações do G7 e a China nas questões da mudança climática e desenvolvimento. “Acho muito importante evitar a divisão do mundo em dois, e é muito importante criar pontes para negociações sérias”, disse.

Guterres alertou repetidamente sobre uma Guerra Fria entre as nações ocidentais e a China nos últimos anos, chamando em 2019 os interesses econômicos, políticos e militares divergentes de ambos os lados de ameaça de uma “grande fratura”.

Fonte: Papiro com contribuições da agência de notícias chinesa Xinhua