Após vexame no Roda Viva, Dallagnol é intimado pela PF
Se ganhar apoio junto à opinião pública era o objetivo de Deltan Dallagnol ao participar, nesta segunda (29), do programa Roda Viva, da TV Cultura, os planos do agora ex-deputado pelo Podemos-PR se esfarelou nos primeiros minutos da sabatina. Visivelmente nervoso e atabalhoado, Deltan recorreu em vão a uma série de clichês para tentar escapar da artilharia dos entrevistadores, mas o máximo que conseguiu esclarecer foi que ele se considera acima da lei.
Não deu certo. Sua evasiva ao ser questionado sobre o autoritarismo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expôs as contradições de um discurso batido. O ex-procurador da Lava Jato acusou o presidente Lula de atacar as “liberdades individuais” dos brasileiros, mas poupou vergonhosamente Bolsonaro de qualquer tipo de crítica.
Deltan também escorregou – o que já era esperado – ao tentar justificar seu voto contra o projeto de lei que prevê igualdade salarial entre homens e mulheres. Primeiro, vaticinou, sem nenhuma base, que as empresas passariam a evitar a contratação de mulheres sob o risco de serem punidas. Depois, repetiu que até a Bíblia mostra os homens em condições de superioridade, o que lhe rendeu um pito da apresentadora Vera Magalhães.
O ex-procurador se declarou vítima de um “sistema corrupto” que, segundo ele, quer “vingança”. Pura balela. Para o colunista Jeferson Tenório, do UOL, Deltan abusou das “respostas decoradas e ensaiadas”. Com isso, assumiu “uma posição ultradireitista disfarçada de direitista, trazendo argumentos religiosos e conservadores para justificar a corrupção bolsonarista, criticar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ignorar o descaso do governo Bolsonaro na pandemia”.
Tales Faria, outro colunista do UOL, tirou onda do ex-deputado: “É curioso. Quando estava na Justiça, Deltan achava que os políticos eram ladrões. Agora que virou político, acha que a Justiça é meio bandida”.
Após o vexame ao vivo no Roda Viva, veio outro revés para Deltan. Nesta terça-feira (30), ele foi intimado a depor na Polícia Federal, por ordem da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores. O dia estava destinado a um teatro do ex-deputado – ele apresentaria recurso ao TSE contra a cassação de seu mandato, o que o tornou “ficha suja”. A semana de sua suposta redenção afundou ainda mais sua imagem.