Chanceler Mauro vieira | Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que a viagem de Lula e uma comitiva de mais de 30 parlamentares e governadores para a China faz parte de um “ciclo de reconstrução” da política externa brasileira, que foi destruída pelo governo Bolsonaro.

Além de acordos comerciais e de desenvolvimento tecnológico, a viagem busca “virar a página do isolamento que tanto prejuízo trouxe ao país nos últimos anos”, explicou Vieira.

“Ao dizer que o Brasil voltou ao mundo, o presidente Lula pôs seu peso político e sua credibilidade internacional a serviço de uma mensagem clara: essa página triste da história da diplomacia brasileira foi virada”, diz Mauro Vieira.

O chanceler avalia que o governo Bolsonaro deixou “pontes destruídas”. “A antidiplomacia pôs em risco negócios, empregos e renda de brasileiras e brasileiros por sectarismo ideológico e teorias da conspiração absurdas”, disse.

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, Mauro Vieira explicou que os acordos que serão assinados na viagem visam o “relançamento da relação bilateral com base em metas e ganhos concretos”.

Ele citou o acordo para “desenvolvimento da sexta geração do satélite sino-brasileiro CBERS, que é resultado de uma cooperação no campo tecnológico iniciada ainda na década de 1980”.

Falou, ainda, sobre o “aprofundamento dos laços econômicos entre os dois países no campo das energias renováveis, com forte desenvolvimento em novas áreas, como a solar e a eólica”.

Já estão avançadas, devido à ida de empresários brasileiros à China, as negociações sobre a venda de 20 aviões da Embraer para o país asiático. Outros negócios envolvem a Suzano e a Seara, que vão comprar navios e caminhões para transporte de mercadorias.

“O que volta a orientar nossas escolhas em matéria de política externa é o interesse nacional. Simples assim. E o interesse nacional determina que dialoguemos com todos, sem alinhamentos automáticos que não levam a nada”, explicou Mauro Vieira.

“Buscamos, em cada relação bilateral, com qualquer de nossos parceiros, a promoção do desenvolvimento do Brasil e, no caso dos nossos vizinhos latino-americanos, também o mandamento constitucional da integração regional”.

A viagem de Lula à China estava prevista inicialmente para março, mas teve que ser adiada por conta de uma pneumonia que o presidente contraiu.
Lula embarca nesta terça-feira (11). Sua reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, acontecerá na sexta (14).

Na comitiva já estão confirmados, segundo o jornal O Globo, 27 parlamentares, incluindo o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e os governadores da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), do Pará, Helder Barbalho (MDB), do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).

Segundo o presidente Lula, o investimento chinês no Brasil “será maravilhosamente bem-vindo” se for para “construir novas coisas, que nós precisamos”.

“O que estamos precisando não é vender os ativos que temos, é construir novos ativos. É disso que eu quero convencer os meus amigos da China”.

“E por que eu quero sentar para conversar com o Xi Jinping? É porque eu acho que a importância econômica, militar e política da China e a relação da China com a Rússia, e até mesmo a divergência da China com os Estados Unidos dá à China um potencial extraordinário para conversar”, acrescentou.