PIB da China cresce acima do esperado e anima investidores pelo mundo
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A recuperação econômica da China acelerou no primeiro trimestre, com o fim das rígidas restrições da covid-19. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,5% na comparação anual, nos primeiros três meses do ano, conforme mostraram dados do Departamento Nacional de Estatísticas nesta terça-feira (17).
Isso animou os investidores globais durante as primeiras horas do dia. O tom positivo no exterior que já vinha da segunda-feira, se estende para esta terça, com investidores digerindo dados mais fortes que o esperado para a economia chinesa. Os números foram divulgados na última noite (no horário de Brasília).
Os dados fortes da economia chinesa ajudaram a impulsionar o preço do minério de ferro (e outras commodities), que subiu 2% na bolsa de Dalian, encerrando as negociações na máxima de uma semana, a US$ 114 por tonelada. O preço desta matéria-prima da indústria deve impactar na economia brasileira.
“De acordo com cálculos preliminares, o PIB no primeiro trimestre foi de 28.5 trilhões de yuans, calculado a preços constantes, um aumento ano a ano de 4,5% e um aumento trimestral de 2,2% em relação ao quarto trimestre do ano anterior ano”, diz o relatório oficial.
O crescimento é maior que os 2,9% do trimestre anterior e supera as previsões dos analistas de uma expansão de 4,0%. Em 2022, a meta do governo chinês para o crescimento do PIB era de 5,5%, mas o índice fechou em alta de 3%, segunda taxa mais baixa desde 1976 (46 anos). A meta para este ano é de 5%.
Tendência de alta
Outros dados econômicos oficiais divulgados na terça-feira reforçaram os sinais de tendência de alta da economia. Pequim agora está tentando conduzir a economia através de uma recuperação sem alimentar o tipo de inflação observada em outros países.
“O Partido Comunista da China fez da estabilidade econômica uma prioridade máxima em 2023, com foco particular na criação de empregos para compensar o alto desemprego juvenil durante a pandemia. Pequim disse no início deste ano que planeja criar 12 milhões de empregos, acima dos 11 milhões deste ano, enquanto aponta o consumo como um dos principais motores do crescimento”, diz o texto do Departamento Nacional de Estatísticas.
Diz ainda que, de um modo geral, no primeiro trimestre, com a transição rápida e estável da prevenção e controle da epidemia, várias políticas e medidas para estabilizar o crescimento, o emprego e os preços foram colocados em pleno andamento, os fatores positivos se acumularam e aumentaram e a economia nacional estabilizada e recuperada.
No entanto, o relatório também é cauteloso ao expressar a ciência dos economistas do governo de que “o ambiente internacional ainda é complexo e mutável, os constrangimentos da insuficiente procura interna são evidentes e as bases para a recuperação econômica ainda não são sólidas. Na próxima etapa, devemos aderir ao socialismo com características chinesas na nova era de Xi Jinping”.
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Mercado atento
Os investidores têm observado atentamente os dados do primeiro trimestre em busca de pistas sobre a força da recuperação chinesa depois que Pequim suspendeu as restrições da covid-19.
O baixo crescimento ocorreu em meio a medidas estritas de pandemia, incluindo fechamento de fronteiras, testes em massa e bloqueios de meses em grandes cidades, como a potência financeira de Xangai.
O relatório é destrinchado pelos analistas, que avaliam que a recuperação da China até agora permaneceu desigual, com consumo, serviços e gastos com infraestrutura se recuperando, enquanto há desaceleração nos preços e aumento nas poupanças bancárias, levantando dúvidas sobre a demanda. A análise bate com a cautela dos economistas do governo.
Na comparação trimestral, o PIB cresceu 2,2% de janeiro a março, em linha com as expectativas dos analistas e acima da alta revisada de 0,6% no trimestre anterior.
Pequim prometeu intensificar o apoio à economia à medida que emerge de um de seus piores desempenhos em quase meio século, no ano passado, devido às restrições da pandemia.O mercado, no entanto, avalia que os números demonstram que o governo terá pouca necessidade de intervenção estatal para incentivar a economia.
O Banco Central da China disse na semana passada que manterá ampla liquidez, estabilizará o crescimento e os empregos e se concentrará na expansão da demanda.
Na segunda-feira, o Banco Central estendeu o suporte de liquidez aos bancos por meio de sua linha de crédito de médio prazo, mas manteve a taxa desses empréstimos inalterada, uma indicação de que as autoridades não estão muito preocupadas com as perspectivas de crescimento imediato.
Aumento do consumo
Analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento da China em 2023 acelere para 5,4%, ante 3,0% no ano passado. O governo estabeleceu uma meta modesta de crescimento econômico de cerca de 5% para este ano, depois de não cumprir a meta de 2022.
O Banco Central cortou os requisitos de reserva dos credores pela primeira vez este ano, em março, e o governo deu mais estímulos fiscais.
Também de acordo com os dados divulgados nesta 2ª feira (17), o aumento do consumo foi o que mais colaborou para o resultado do 1º trimestre deste ano. Dados separados sobre a atividade de março, também divulgados na terça-feira, mostraram que o crescimento das vendas no varejo acelerou para 10,6%, superando as expectativas e atingindo uma alta de quase dois anos, enquanto o crescimento da produção industrial também acelerou, mas ficou um pouco abaixo das expectativas.
Em 6 de abril, o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou a projeção para o crescimento dos países em 2023. Enquanto a do Brasil ficou em 0,9% e a global em 2,9%, a chinesa tem alta esperada de 5,2%.
O relatório do governo foi dividido em 9 itens de análise. Confira os temas:
- A situação da produção agrícola é estável e a indústria de pecuária cresce constantemente
- A produção industrial está se recuperando gradualmente e as empresas esperam uma melhora geral
- O setor de serviços se recuperou significativamente e o setor de serviços de contato cresceu rapidamente
- As vendas no mercado se recuperaram rapidamente e os produtos atualizados aumentaram significativamente
- O investimento em ativos fixos cresceu de forma constante e o investimento em indústrias de alta tecnologia cresceu rapidamente
- A importação e exportação de mercadorias manteve o crescimento e a estrutura comercial continuou a ser otimizada
- Os preços ao consumidor subiram moderadamente, enquanto os preços ao produtor industrial caíram ano a ano
- A situação do emprego é globalmente estável e a taxa de desemprego urbano pesquisada diminui
- A renda dos residentes cresceu de forma constante, e a renda dos residentes rurais cresceu mais rapidamente do que a dos residentes urbanos
(por Cezar Xavier)