Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os juros altos se mantêm como principal entrave para o setor da construção, que em março registrou queda na atividade pelo quinto mês consecutivo. As informações são da Sondagem da Indústria da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo a entidade, a atividade da indústria da construção registrou 49,5 pontos no mês passado – de acordo com a metodologia da pesquisa, quando abaixo da linha divisória dos 50 pontos em uma escala de 100, a atividade está em queda.

Apesar de o recuo ter sido menor que em fevereiro e março do ano passado, a atividade este mês também puxou para baixo os índices de emprego (49,2 pontos) e a Utilização da Capacidade Instalada da construção, que desde dezembro de 2022 oscila entre 65% e 66% – ou seja, com mais de 30 do parque ocioso.

O percentual de empresários que aponta a taxa de juros como o principal problema atual do setor – e também a sua principal preocupação – cresce desde o terceiro trimestre de 2022. Com a taxa básica de juros (Selic) a 13,75%, a Construção aponta que a situação econômica do Brasil está desfavorável para o crescimento econômico, investimentos e acesso à crédito. Do outro lado, as dificuldades impostas pelos juros às famílias, como o aumento do endividamento e encarecimento do financiamento, também enfraquecem pelo ponto de vista da demanda.

“Os empresários da indústria da construção têm apresentado preocupação com as condições atuais da economia brasileira e da empresa nos primeiros quatro meses de 2023. A avaliação negativa da situação da economia brasileira tem sido mais intensa e disseminada. Pesa sobre essa avaliação a elevada taxa de juros, que provoca a desaceleração da atividade econômica de maneira ampla. A situação da taxa de juros é apontada como o principal problema para a construção pelo terceiro trimestre consecutivo”, afirma a CNI na divulgação dos resultados da pesquisa.

No primeiro trimestre deste ano, 37,4% das empresas assinalaram a taxa de juros como um dos três principais problemas enfrentados no período, um crescimento de 6,8 pontos percentuais ante o quarto trimestre de 2022.

“Os empresários também indicaram redução na facilidade de acesso ao crédito no primeiro trimestre de 2023”, outro fator influenciado pelos juros altos.

Isso se reflete no nível de confiança e intenção de investimento das empresas, outros termômetros da pesquisa da CNI. O índice de confiança nos rumos da economia, por exemplo, alcançou o menor patamar em dez meses. Já o índice de intenção de investimento da indústria da construção recuou 5,5 pontos, para 39,8 pontos, em março.

Fonte: Página 8