Presidente do STM | Foto: Reprodução

O brigadeiro Joseli Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM), afirmou, nesta quarta-feira (26), em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo, que os militares envolvidos nos episódios de 8 de janeiro estavam em cargos públicos e, por isso, devem explicações à sociedade.

Ele admite que houve contaminação de militares da ativa no bolsonarismo, mas não da instituição em si. Para ele, “a CPI será uma excelente oportunidade para todos os militares explicarem seus atos”. “Todos esses oficiais generais estavam em cargos públicos, em cargos políticos”, disse o brigadeiro.

“Conheço bem o general Gonçalves Dias, porque trabalhei com ele por oito anos. É uma pessoa espetacular, mas ele e todos os outros devem explicações à população. E acho isso natural”, destacou o brigadeiro, ao comentar as acusações dos bolsonaristas ao general.

O substituto de Gonçalves Dias no GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, afirmou recentemente que a íntegra dos vídeos do Planalto confirmam que o general não colaborou com os terroristas, como insinuaram os apoiadores e Bolsonaro. Cappelli diz que a versão dos golpistas é absurda e aponta suas suspeitas para o general Augusto Heleno, que dirigiu o órgão durante todo governo Bolsonaro.

O brigadeiro criticou também o comportamento dos comandos com os acampamentos golpistas nas portas dos quarteis. “Realmente é uma coisa que não é correta. Mas, como havia um governo que apoiava este tipo de manifestação, achava-se que era normal, que era a livre expressão, só que na realidade não é”, apontou o general.

“Ninguém pode pedir uma intervenção militar. Isso é crime. Havia uma certa conivência. O governo aceitava e os militares também. Mas o presidente é comandante supremo das Forças Armadas”, afirmou o presidente do STM. Ele acrescentou que havia pessoas “fanatizadas” no governo anterior, inclusive dentro das Forças Armadas.

“São pessoas que passaram a achar que, quem não pensa como eles, está doente, e que acreditam que são salvadores da Pátria. E isso influenciou muito a decisão de aceitarem aqueles acampamentos em frente aos quartéis”, prosseguiu o militar.

Sobre a tentativa de Bolsonaro de envolver as Forças Armadas no plano golpista de retirar a credibilidade das urnas eletrônicas, caldo de cultura que culminou nos atos de 8 de janeiro, o brigadeiro disse que essa manobra envolveu alguns militares mas não a instituição como um todo. “Não há nada institucional”, enfatizou.

“Não tivemos os altos comandos da Marinha, Exército e Aeronáutica coniventes com isso. Nas reuniões de alto comando, tudo isso era discutido, mas jamais nenhum deles foi integralmente favorável, institucionalmente favorável. Tivemos casos isolados”, assinalou o brigadeiro.