Médicos ingleses retomam greve contra arrocho salarial
Os médicos ingleses iniciaram uma greve de quatro dias, nesta terça-feira (11), por conta da desvalorização dos salários nos últimos anos. A greve causa uma interrupção sem precedentes no Reino Unido em hospitais e postos de saúde.
Na paralisação, que ocorre após protesto anterior de três dias no mês passado, a estimativa é que cerca de 350 mil consultas e operações sejam canceladas até o fim da greve.
Denunciando que nos últimos 15 anos os salários sempre foram corrigidos abaixo da inflação, a classe exige voltar aos níveis reais de 2008, o que significaria um aumento salarial de 35%.
A Associação Médica Britânica dá um exemplo para ajudar a perceber a dimensão dos salários neste momento: atualmente um jovem médico ganha menos que um barista em um café. Em Londres, seguranças e babás ganham mais do que isso, assegura a organização.
“Achei que me tornar médica me tornaria financeiramente independente, mas não sou”, disse Becky Bates, recém-formada em medicina na região central da Inglaterra.
“Com empréstimos para pagar as mensalidades e empréstimos pessoais, saí da faculdade de medicina com mais de 100.000 libras em dívidas. Agora não posso nem consertar meu carro se algo der errado”, lamenta.
“Esta última rodada de greves terá níveis incomparáveis de interrupção e estamos muito preocupados com a potencial gravidade do impacto sobre pacientes e serviços em todo o país”, constata o diretor nacional do Serviço Nacional de Saúde (NHS), Stephen Powis.
“Também pedimos (aos hospitais) para reagendar procedimentos e pacientes ambulatoriais o mais rápido possível, mas isso”, afirmou Powis à BBC, acrescentando que o NHS está trabalhando para garantir que os serviços de emergência sejam mantidos intactos.
A greve é a mais recente de funcionários do NHS, após paralisações de enfermeiras, paramédicos e outros grupos. Todos exigem aumentos que reflitam a inflação anual de mais de 10% na Inglaterra.
Nos últimos meses, trabalhadores ferroviários, enfermeiros, policiais de fronteira, professores e outros profissionais também entraram em greve para exigir aumentos salariais devido à alta dos preços dos alimentos e da energia.
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, disse que reduzir o tempo de espera nos hospitais é uma das prioridades de seu governo em meio à erosão da satisfação do público com uma instituição que era motivo de orgulho nacional.
Fonte: Papiro