Franceses lutam para Conselho barrar reforma da Previdência
Aconteceu nesta quinta-feira (13), em diversas cidades francesas a 12ª jornada nacional de protestos contra a reforma da previdência. As manifestações ocorreram um dia antes do Conselho Constitucional francês julgar se o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos imposto pelo presidente Emmanuel Macron é constitucional.
O presidente francês utilizou o artigo 49.3 da Constituição para impor uma Lei sem a aprovação do Parlamento, o que revoltou a população.
Analistas políticos acreditam que os nove integrantes do Conselho irão rever partes do projeto, mas que não irão revogá-lo totalmente. Ainda será analisado o pedido feito pela esquerda do país para que seja realizado um referendo sobre qual deve ser a idade mínima para se aposentar.
Com isso, as manifestações dessa quinta visaram pressionar por uma decisão que contemple os anseios da população que tem ido às ruas em protesto desde janeiro. Com a imposição do decreto presidencial em 16 de março os protestos cresceram com sindicatos paralisando diversas operações no país.
O pedido da sociedade é para uma revogação total do projeto que traz como principal medida o aumento da idade mínima de 62 para 64 anos para aposentadoria até 2030 e também a exigência de contribuição mínima de 43 anos para se aposentar a partir de 2027.
Além disso as contribuições não devem superar 44 anos, por isso quem começou a recolher tributos antes dos 21 anos poderá, de acordo com a Lei de Macron, se aposentar aos 63 anos (um ano antes da idade mínima de 64 anos para os demais).
Com a nova proposta, aposentadoria antecipadas ficam vetadas, algo que era comum para trabalhadores públicos de transporte, bancos e outros setores. Já os trabalhadores com atividades especiais ou penosas como de policiais, bombeiros, profissionais de saúde e coletores ainda poderão se aposentar antes, mas somente aos 59 anos.
Para o governo francês a medida é imprescindível para que o sistema previdenciário não entre em colapso, uma vez que consome 14% do PIB. A ideia é economizar € 18 bilhões (R$ 101 bi) até 2030.
Conflitos
Em Paris a polícia fechou os arredores do Conselho Constitucional, próximo ao museu do Louvre. Mesmo com grande efetivo policial, manifestantes invadiram a sede do grupo de luxo LVMH, que tem marcas como Louis Vuitton e Dior.
Outros confrontos foram registrados em diversas localidades, mas teve como principal embate a Praça da Bastilha, local simbólico da Revolução Francesa, onde a antiga fortaleza destruída ficava localizada e hoje é uma praça com monumentos.
As manifestações tem reunidos milhões de pessoas. Em 23 de março, a central sindical CGT, principal organizadora dos protestos, estimou que 3,5 milhões protestaram por todo o país.
Uma pesquisa encomendada pela rádio RTL para a agência Toluna/Harris Interactive mostrou que 65% dos franceses apoiam as greves e que oito em cada dez pessoas estão insatisfeitas com a decisão imposta por Macron.
*Com informações de agências