De Portugal, Lula ataca juros altos e manda recado para o BC
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar os elevados juros no País. Mesmo de Portugal – onde está em viagem desde quinta-feira (20) –, o presidente centrou seu discurso nesta segunda-feira (24) em críticas à Selic, a taxa básica de juros, que está 13,75% ao ano desde agosto de 2022. Ao lado do primeiro-ministro português, António Costa, Lula discursava no “Fórum Empresarial Portugal-Brasil – Parcerias para a Inovação”, em Matosinhos.
“Nós temos um problema no Brasil, primeiro-ministro, que Portugal não sei se tem. É que a nossa taxa de juros é muito alta”, disse Lula, “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75% – ninguém! E não existe dinheiro mais barato”, Segundo o presidente, “um país capitalista precisa de dinheiro – e esse dinheiro tem que circular. Não na mão de poucos, mas na mão de todos”.
A fala de Lula acontece num momento em que o Banco Central (BC), sob a direção ultraliberal de Roberto Campos Neto, ameaça manter o atual patamar da Selic – ou até elevá-la – nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). Na sexta-feira (21), revelando indiferença às demandas econômicas do País, Campos Neto tergiversou: “O anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico”.
O governo estuda medidas parafiscais para contornar a manobra do BC, estimular a economia e “colocar o pobre no orçamento”. Uma dessas medidas é usar os bancos públicos para subsidiar taxa de juros. A ata da última reunião do Copom insinuou que, se Lula for por esse caminho, a resposta será mais juros.
Para Lula, juros mais baixos são fundamentais para combater as desigualdades. “É a gente garantir que os pobres possam participar”, afirmou o presidente em Portugal. “Quando eles virarem consumidor, vão comprar. Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produto na fábrica”, agregou. Lula sintetizou suas críticas com um novo recado ao BC: “Mais emprego vai gerar mais salário. E a coisa mais normal de uma roda gigante da economia”.
Ele afirmou que, sob seu governo, “o Brasil está preparado para voltar a ser um país grande, importante e atraente” – um país que construa “políticas de parceria” harmoniosas com outras nações. “Não é porque somos grandes que queremos hegemonia. Não queremos vender o que já está pronto, queremos construir o que falta fazer.”