Porta-aviões Shandong de fabricação chinesa | Foto: Li Gang/Xinhua

O Exército Popular de Libertação (EPL) da China anunciou que está pronto para lutar e acabar com qualquer interferência estrangeira em Taiwan, após encerrar na segunda-feira (10) os três dias de exercícios de combate em larga escala em torno da ilha, de “fechamento de Taiwan”, desencadeados após a provocação realizada pela líder secessionista Tsai Ing-wen, ao se reunir com o presidente da Câmara de deputados dos EUA, Kevin McCarthy, na Califórnia, para violar explicitamente o princípio de Uma Só China que – desde o restabelecimento das relações diplomáticas no governo Carter – rege as relações entre China e EUA.

“As tropas chinesas estão prontas para lutar a qualquer momento para esmagar resolutamente qualquer forma de ‘separação’ de Taiwan ou tentativas de interferência estrangeira”, disse o EPL na segunda-feira (10).

Segundo o princípio da Uma Só China, base da política externa da China desde a vitória da revolução em 1949, Taiwan se trata de uma questão interna da China, que será resolvida pacificamente se forças externas não agirem para insuflar o separatismo.

Enquanto Tsai comparecia ao beija-mão nos EUA, o ex-presidente de Taiwan e líder do maior partido de oposição, Kuomitang (KMT), Ma Ying-jeou, em visita à China continental declarou “somos todos chineses”, defendeu o Consenso de 1992 pelo entendimento entre os dois lados do Estreito, homenageou o fundador da China moderna, Sun Yat Sen, e exaltou a luta comum contra a agressão imperial japonesa. Nas eleições municipais do ano passado, o Kuomitang venceu na capital e nas principais cidades. Em janeiro do próximo ano, haverá eleições gerais em Taiwan.

As manobras “Espada Profunda” do EPL com navios, aviação e forças de mísseis deixaram claro que a soberania chinesa será defendida a qualquer custo. Em agosto do ano passado, quando da provocação anterior da então presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi em Taiwan, a China havia realizado os maiores exercícios militares no Estreito de Taiwan em décadas.

Agora, foram mais de 200 voos de advertência, com caças e bombardeiros chineses ultrapassando a linha média do Estreito, que funciona como um limite informal. Pela primeira vez, o porta-aviões chinês Shandong se posicionou a leste da ilha, cortando caminho a possíveis aventureiros. Onze navios de guerra simularam o cerco à ilha. Sistemas de mísseis foram acionados desde o continente, ensaiando uma contenção massiva de interferência externa.

O cerco a Taiwan de três dias constituiu um teste abrangente das capacidades operacionais conjuntas integradas de várias forças militares em cenários de combate realistas, disse o coronel sênior Shi Yi, porta-voz do Comando de Teatro Oriental do EPL, em um comunicado na noite de segunda-feira.

O porta-aviões Shandong juntou-se na segunda-feira ao terceiro e último dia dos exercícios em torno de Taiwan, com navios de guerra praticando assaltos a navios hostis em fuga e um bloqueio marítimo. Seu grupo naval compreendia um contratorpedeiro Tipo 055 de 10.000 toneladas, um contratorpedeiro Tipo 052D, duas fragatas Tipo 054A e um navio de reabastecimento. Normalmente, observou o jornal Global Times, se espera que um submarino de ataque movido a energia nuclear também faça parte de um grupo de porta-aviões.

Dezenas de caças da Força Aérea do EPL realizaram patrulhas de combate no Estreito de Taiwan e nos extremos norte e sul da ilha, praticaram táticas de busca e destruição visando navios de guerra e aviões hostis, bem como bloqueio aéreo. Sob a cobertura e o apoio de aeronaves de alerta precoce, caças e aviões de guerra eletrônica, bombardeiros H-6K carregando munições reais realizaram várias ondas de ataques simulados em alvos-chave na ilha de Taiwan.

Baterias de mísseis também foram acionadas desde a parte continental, simulando disparos. A força de mísseis do EPL, com seus mísseis anti-navio “assassinos de porta-aviões”, podem impedir que navios de guerra de médio e grande porte de forças externas acessem as portas da China. Tal bloqueio pode cortar as rotas de abastecimento de energia, rotas de reforço e rotas de fuga de forças separatistas, bem como suas esperanças de reforço militar dos EUA.

“Há apenas uma China no mundo, e Taiwan é uma parte inalienável do território da China. O Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China”, pronunciou-se o Congresso Nacional do Povo, repelindo a provocação McCarthy-Tsai. “Uma série de documentos de direito internacional, incluindo a Declaração do Cairo e a Proclamação de Potsdam, esclareceram a soberania da China sobre Taiwan. Taiwan não tem outro status no direito internacional além de ser parte da China”, reitera o documento.

“Quaisquer esquemas para ‘usar Taiwan para conter a China’ e para apoiar ou conspirar com as forças separatistas da ‘independência de Taiwan’ estão fadados ao fracasso. Quaisquer atos que ‘busquem a independência solicitando apoio estrangeiro’ e que prejudiquem a reunificação nacional serão levados à justiça”.

“Exortamos veementemente o governo e o Congresso dos EUA a parar de distorcer, obscurecer e esvaziar o princípio de Uma Só China, a cessar o ato aventureiro de cruzar a linha vermelha e a parar de minar a base política das relações China-EUA”.

Parte da China há séculos, Taiwan foi ocupada pelo Japão imperial durante a era das humilhações (século 19), assim como a Grã Bretanha fizera com Hong Kong, mas foi libertada pelos chineses em 1945 e internacionalmente reconhecida como parte da China.

Com a vitória da revolução em 1949 na China continental, tropas do antigo regime do Kuomitang se abrigaram em Taiwan, sob proteção da frota naval norte-americana, e durante duas décadas esse regime usurpou no Conselho de Segurança da ONU o legítimo lugar do governo de Pequim, até que a questão foi decidida pela Assembleia Geral da ONU em 1971.

Atualmente, 180 países reconhecem a China como a representante do povo chinês e só restam 13 países que ainda mantêm relações diplomáticas com Taiwan, número que encolhe a cada ano.

Em 1997, houve a devolução de Hong Kong à China sob o status “um país, dois sistemas” e em 1999 foi a vez da ex-colônia portuguesa de Macau. Para a reunificação final da pátria chinesa, uma civilização milenar, só falta a reintegração de Taiwan.

Fonte: Papiro