Foto: Leonardo Marinho/MST

Abril é o mês em que o  Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, conhecida como “Abril Vermelho”, para cobrar ações do governo para as mais de 100 mil famílias que estão em acampamentos pelo Brasil.

Neste ano, o movimento realiza ocupações em fazendas improdutivas, além de manifestações nas sedes estaduais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) como forma de pedir maior celeridade na atuação do governo por Reforma Agrária e exigir a retirara de apoiadores de Jair Bolsonaro dos postos de comando do Instituto – ainda resquício do governo anterior.

Após pressão do movimento, o ministério Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) acelerou a troca de chefia de grande parte das superintendências estaduais do Incra. Entre quarta-feira (19) e quinta-feira (20) foram trocadas as chefias de 19 postos de comando estaduais e no Distrito Federal, permanecendo somente os superintendentes de Minas Gerais, Amazonas, Alagoas, Tocantins, Rondônia, Roraima e Amapá, como informa a Folha de São Paulo.

Dessa forma, os bolsonaristas que estavam nos cargos e atravancavam processos de regularização de terras deixaram as chefias. A grande dúvida do porquê os bolsonaristas ainda permaneciam nos postos mesmo após 100 dias de governo Lula foi justificada pelo ministro do MDA, Paulo Teixeira, pela análise de currículo dos novos selecionados para ocuparem os cargos.

Entre os novos ocupantes estão servidores de carreira do Incra, ex-deputados, e profissionais com ligação histórica ao movimento do campo nos estados.

Ocupações

Algumas ocupações de sedes estaduais do Incra já foram desfeitas pelo MST, como em Natal, no Rio Grande do Norte.

Nas ocupações realizadas em fazendas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Pernambuco, e da Suzano Papel e Celulose, no Espírito Santo, o MST se comprometeu em sair das áreas depois de uma reunião com ministros do governo nesta semana, informou O Globo.

Segundo representantes do MST, o governo se comprometeu em buscar áreas para assentar 600 famílias na região de Petrolina, em Pernambuco, e negociar para que as 200 famílias de Aracruz (ES), que estão na fazenda da Suzano, possam ser assentadas. No caso da fazenda da Embrapa o movimento aponta que 90% da área da fazenda não tem utilização e que a área da Suzano foi grilada do governo do Estado.

Resposta às críticas

O coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, utilizou as redes sociais para rebater as críticas à atuação do movimento, vindas de diferentes vertentes políticas, desde críticos de sempre ao movimento que criminalizam ocupações, até mesmo dos apoiadores do atual governo que acreditam que o MST deveria arrefecer sua atuação no momento.

“Aos esquecidos e desinformados, nós, do MST, durante governo de Jair Bolsonaro, ocupamos 159 latifúndios, distribuímos 10 mil caminhões de alimentos e ficamos acampados por 580 dias em Vigília por Lula. Ou seja, faz parte da nossa prática ocupar terra e produzir alimentos”, colocou Rodrigues.