1,5 milhão de franceses repudiam nas ruas ataque de Macron às aposentadorias
Os franceses voltaram às ruas nesta quinta-feira (13) em defesa dos direitos previdenciários e em protesto contra o governo de Emmanuel Macron que impõe aumentar de 62 para 64 anos a idade mínima das aposentadorias. Mostrando que a paciência está se esgotando, os manifestantes levantaram faixas e cartazes expressando “clima de cólera” contra o presidente, em que marcavam o seu repúdio com a consigna “64 é não”.
“Foram mais de 1,5 milhão de pessoas”, comemorou a secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho, Sophie Binet, sublinhando o apoio massivo da população ao movimento, às vésperas da decisão do Conselho Constitucional. Sem base para passar o facão nos direitos, até o momento Macron tem se utilizado de artifícios legais e brechas da Constituição para promover o atropelo.
Composto por nove “sábios” escolhidos em partes iguais pelos presidentes da França e das duas câmaras do Parlamento, a composição atual favorece o governo: dois foram escolhidos pelos socialistas, quatro pelos centristas e três pela direita. Seu presidente é o ex-primeiro-ministro socialista Laurent Fabius e é integrado, entre outros, pelo ex-chefe de governo de direita Alain Juppé, assim como dois ex-ministros de Macron: os centristas Jacques Mézard e Jacqueline Gourault.
Diante das cartas marcadas, a reação popular se agiganta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais. A prefeitura comunicou 36 prisões, que também relatou 10 policiais feridos. Um jornalista do site Actu Lyon foi ferido durante um ataque policial para que interrompesse sua cobertura ao vivo. Ele caiu no chão e levou um cassetete na cabeça ao tentar se levantar, antes de ser levado a um hospital.
O próprio governo reconheceu que mesmo na pequena ilha de Ouessant houve um recorde de manifestantes, o que reflete a crescente desaprovação à proposta presidencial, também expressa nas pesquisas que apontam mais de 70% de rejeição.
Deputados e senadores progressistas e de esquerda apresentarão um segundo pedido ao Conselho Constitucional a fim de que a idade legal de reforma não possa ser fixada para além dos 62 anos. Macron vem carregando a repulsa da população e tendo sido vaiado recentemente na Holanda, onde perguntaram pela democracia sob seu governo.
Fonte: Papiro