Anderson Torres | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, não vai comparecer para depor na CPI dos Atos Antidemocráticos, que corre na Câmara Legislativa do DF, mesmo após autorizado a ficar em silêncio pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O depoimento estava marcado para esta quinta-feira (9), mesmo dia em que será ouvida a ex-subsecretária da Secretaria de Segurança Pública do DF, Marília Ferreira Alencar.

O depoimento de Anderson Torres, no entanto, dependia da decisão do STF sobre sua obrigação de comparecer e falar.

A defesa de Torres avalia que ele não tem nada a ganhar respondendo publicamente por seus atos enquanto secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que levaram diretamente à invasão terrorista no dia 8 de janeiro.

O ministro Alexandre de Moraes decidiu que Anderson Torres não pode ser obrigado a comparecer ou a falar por já estar preso e ser investigado por ter participado do ataque terrorista, além de que poderia estar produzindo provas contra si.

Anderson Torres está preso desde o dia 14 de janeiro, quando voltou dos Estados Unidos. Ele estava lá desde o dia 7 de janeiro.

Antes de viajar, não deixou nada pronto e ninguém orientado sobre como preparar a Segurança do DF para combater uma possível invasão da Praça dos Três Poderes.

O relatório do ex-interventor Ricardo Cappelli sobre os acontecimentos do dia 8 de janeiro mostra que a Secretaria já supervisionava um possível ataque contra a democracia desde o dia 6, mas nada foi feito.

Como Anderson Torres estava fora do país, em uma viagem de “férias” feita sem que ele ainda estivesse efetivamente de férias, a Segurança estava “acéfala”, aponta o ex-interventor.

“Qual foi o planejamento pro dia 8? O secretário sequer estava aqui e exonerou o comando da secretaria. Houve desmonte do comando da secretaria. O secretário viajou por acaso? Essas ações são coincidências? Não me parece”, criticou Cappelli.

“Fica claro o impacto da posse de Anderson Torres e da instabilidade que ele gerou na SSP com nomeações e trocas. A questão aqui é de liderança, de comando. O gestor público que lidera a operação deve ter. Tudo isso faltou no dia 8, na melhor das hipóteses”, continuou.

Onze advogados informaram, na segunda-feira (6), que deixaram a defesa de Anderson Torres no Supremo Tribunal Federal.

Ainda não se sabe publicamente o motivo da desistência.

Demóstenes Torres está entre os que desisitiram. Ele é ex-senador cassado por quebra de decoro parlamentar, ao receber “presente” do mafioso Carlinhos Cachoeira.

No grupo de desistentes estão também Vera Silveira, Eustáquio Silveira, Alexandre Ribeiro, Anamaria Resende, Andressa Gomes, Diego Schmaltz, Fabio Mello, Pedro Teixeira, Thiago Agelune e Ricardo Venâncio. A saída já foi informada pelo grupo ao STF.